O guaiamum: um caranguejo ameaçado de extinção e símbolo da cultura pernambucana

Você já ouviu falar do guaiamum? Ele é um tipo de caranguejo terrestre que vive nas áreas de manguezal e apicum do litoral nordestino. Ele é considerado uma iguaria da culinária pernambucana, que tem influências portuguesas, africanas e indígenas. O guaiamum pode ser preparado de várias formas, como cozido, assado, frito ou ensopado. Ele é geralmente servido com farinha de mandioca, pirão, vinagrete ou molho de coco.

Mas você sabia que o guaiamum também é uma espécie ameaçada de extinção e um símbolo da cultura pernambucana?

Pois é, essa é uma história triste e bonita ao mesmo tempo. Ela envolve a relação entre os pescadores artesanais, o meio ambiente e a tradição gastronômica. Ela mostra como o guaiamum é mais do que um simples caranguejo. Ele é uma fonte de renda, de alimento e de identidade para muitas pessoas.

O guaiamum: um crustáceo de grande valor ecológico e econômico

O guaiamum, cujo nome científico é Cardisoma guanhumi, é um crustáceo que pertence à família dos gecarcinídeos. Ele se caracteriza por ter uma carapaça larga e achatada, que pode atingir até 15 centímetros de diâmetro, e por ter garras desiguais, sendo uma maior do que a outra. Ele tem uma coloração que varia do azul escuro ao cinza claro, dependendo da idade e do sexo. Os machos costumam ser mais escuros e maiores do que as fêmeas.

O guaiamum é um animal que se adapta bem a diferentes ambientes. Ele pode viver tanto na água salgada quanto na água doce, e pode se locomover tanto na superfície quanto no subsolo. Ele se alimenta principalmente de matéria orgânica em decomposição, como folhas, frutos e sementes que caem dos manguezais. Ele também pode comer pequenos animais, como moluscos, vermes e insetos.

O guaiamum tem um papel importante no equilíbrio ecológico dos ecossistemas onde vive. Ele contribui para a reciclagem de nutrientes, para a aeração do solo e para a dispersão de sementes. Ele também serve de alimento para outros animais, como aves, répteis e mamíferos.

O guaiamum também tem um grande valor econômico para as populações tradicionais que vivem no litoral nordestino. Ele é capturado por pescadores artesanais que usam técnicas simples, como ciscos (varas com anzóis), laços (cordas com nós) ou puçás (cestos de bambu). Ele é vendido nas feiras livres ou nos mercados públicos, onde é muito apreciado pelos consumidores. Ele também é comercializado para outros estados ou países, onde é considerado uma iguaria exótica.

O guaiamum: uma espécie em risco de desaparecer

Apesar da sua importância ecológica e econômica, o guaiamum está enfrentando sérias ameaças à sua sobrevivência. Ele está sofrendo com a pesca predatória, a destruição do seu habitat e a poluição das águas.

A pesca predatória é uma das principais causas da redução dos estoques do guaiamum. Muitos pescadores não respeitam as normas ambientais que regulam a captura da espécie, como o tamanho mínimo (7 centímetros de largura da carapaça), o período do defeso (de maio a julho) e os instrumentos permitidos (ciscos, laços ou puçás). Eles capturam os guaiamuns indiscriminadamente, sem se preocupar com a reprodução e a sustentabilidade da espécie.

A destruição do seu habitat é outra causa grave da diminuição do guaiamum. Os manguezais e os apicuns, que são as áreas onde o guaiamum vive e se alimenta, estão sendo devastados por diversas atividades humanas, como o desmatamento, a urbanização, a agricultura, a carcinicultura (criação de camarões) e a mineração. Essas atividades provocam a perda de biodiversidade, a erosão do solo, a alteração do fluxo de água e a salinização do terreno.

A poluição das águas é mais um fator que prejudica o guaiamum. Os rios, as lagoas e o mar que banham o litoral nordestino estão recebendo uma grande quantidade de resíduos sólidos e líquidos, provenientes de esgotos domésticos, industriais e agrícolas. Esses resíduos contêm substâncias tóxicas, como metais pesados, agrotóxicos e micro-organismos patogênicos. Essas substâncias afetam a qualidade da água, reduzem o oxigênio dissolvido e causam doenças nos guaiamuns e em outros seres vivos.

Por causa dessas ameaças, o guaiamum foi considerado Criticamente em Perigo (CR) de extinção pelo Ministério do Meio Ambiente. Ele também está no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção e na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Isso significa que se nada for feito para proteger o guaiamum, ele pode desaparecer em breve da natureza.

O guaiamum: um símbolo da cultura pernambucana

Apesar da situação crítica do guaiamum, ainda há esperança para essa espécie. Muitas pessoas estão se mobilizando para defender o guaiamum e o seu valor cultural para Pernambuco. Elas estão realizando ações de conscientização, educação ambiental, fiscalização, pesquisa e manejo sustentável.

O guaiamum é um símbolo da cultura pernambucana, pois representa a história, a identidade e a gastronomia desse estado. O guaiamum faz parte da tradição dos pescadores artesanais, que há séculos capturam e vendem esse crustáceo nas feiras e nos mercados. O guaiamum também faz parte da culinária pernambucana, que tem influências portuguesas, africanas e indígenas. 

O guaiamum também é uma fonte de inspiração para as manifestações artísticas e culturais de Pernambuco. Ele está presente na música, na literatura, na poesia, no teatro, no cinema e no artesanato. Ele é cantado por artistas como Alceu Valença, Zé Ramalho e Lenine. Ele é escrito por autores como Gilberto Freyre, Ariano Suassuna e João Cabral de Melo Neto. Ele é representado por poetas como Ascenso Ferreira, Manuel Bandeira e Carlos Pena Filho. Ele é encenado por atores como José Wilker, Lúcio Mauro e Matheus Nachtergaele. Ele é filmado por cineastas como Guel Arraes, Cláudio Assis e Marcelo Gomes. Ele é esculpido por artesãos como Mestre Vitalino, Zé Caboclo e Jota Borges.

Perguntas frequentes sobre o guaiamum

Como diferenciar o macho da fêmea do guaiamum?

Uma forma de diferenciar o macho da fêmea do guaiamum é observar a forma e a cor da carapaça. O macho tem uma carapaça mais larga e achatada, com uma protuberância triangular na parte inferior. A fêmea tem uma carapaça mais arredondada e convexa, com uma protuberância semicircular na parte inferior. Além disso, o macho tem uma coloração mais escura, variando do azul ao cinza, enquanto a fêmea tem uma coloração mais clara, variando do verde ao marrom.

Qual é o período do defeso do guaiamum?

O período do defeso do guaiamum é o intervalo de tempo em que a pesca da espécie é proibida ou restrita, para garantir a sua reprodução e conservação. No Brasil, o período do defeso do guaiamum varia de acordo com a região. No Nordeste, ele vai de 1º de maio a 31 de julho. No Sudeste e no Sul, ele vai de 1º de outubro a 31 de dezembro. Durante esse período, é proibido capturar, transportar, beneficiar ou comercializar o guaiamum vivo ou morto.

Onde encontrar o guaiamum em Pernambuco?

O guaiamum é um crustáceo que habita os manguezais e as áreas adjacentes ao longo do litoral nordestino. Em Pernambuco, ele pode ser encontrado em diversas localidades, como Recife, Olinda, Ipojuca, Sirinhaém, Tamandaré e São José da Coroa Grande. No entanto, a sua população vem sofrendo com a pesca predatória e a destruição do seu habitat. Por isso, é importante respeitar as normas ambientais que regulam a sua captura e consumo.

O guaiamum: uma proposta para a sua preservação

Diante da situação crítica do guaiamum, que está ameaçado de extinção por causa da pesca predatória, da destruição do seu habitat e da poluição das águas.

Diante desta situação, que tal o governo pernambucano instituir uma semana de preservação do guaiamum, uma semana sem consumir o guaiamum. Essa seria uma forma de sensibilizar a população sobre a importância ecológica e econômica desse crustáceo, e também de valorizar a sua cultura e gastronomia.

Durante essa semana, haveria diversas atividades educativas, culturais e gastronômicas relacionadas ao guaiamum. Por exemplo:

  • Palestras, oficinas e exposições sobre a biologia, a ecologia e o manejo sustentável do guaiamum e dos manguezais.
  • Visitas guiadas aos manguezais e aos apicuns, onde os participantes poderiam observar os guaiamuns em seu habitat natural e aprender sobre a sua importância para o equilíbrio ambiental.
  • Campanhas de fiscalização e denúncia contra a pesca ilegal e o comércio irregular do guaiamum, que violam as normas ambientais vigentes.
  • Shows, peças teatrais, filmes e exposições de arte que homenageiam o guaiamum como um símbolo da cultura pernambucana.
  • Festivais gastronômicos que oferecem pratos alternativos ao guaiamum e típicos da culinária pernambucana.

Acreditamos que essa proposta seria benéfica para o guaiamum, para o meio ambiente e para a sociedade pernambucana. Ela contribuiria para a conservação da espécie e dos ecossistemas onde ela vive. Ela estimularia a educação ambiental e a cidadania dos pernambucanos. Ela valorizaria a cultura e a gastronomia pernambucanas. Ela fortaleceria a identidade e o orgulho dos pernambucanos.

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By IDFM

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