Como as ilhas de lixo nos oceanos afetam a vida no planeta e o que podemos fazer para mudar essa realidade

Um desafio ecológico e social que exige a nossa ação

Você sabia que existem ilhas de lixo nos oceanos, que são maiores do que alguns países e que ameaçam a vida marinha e o equilíbrio ecológico do planeta? 

Segundo a ONU, cerca de 8 milhões de toneladas de plástico são despejadas nos oceanos todos os anos, o que equivale a um caminhão de lixo por minuto. Esses plásticos se acumulam em áreas onde as correntes oceânicas se encontram. 
Neste artigo, você vai aprender o que são essas ilhas, onde elas estão localizadas, como elas afetam o clima, a vida marinha e a saúde humana, e o que podemos fazer para resolver esse problema.

O que são as ilhas de lixo: uma sopa de plástico que cobre os oceanos

As ilhas de lixo são concentrações de resíduos plásticos flutuantes que se formam nas zonas de convergência das correntes oceânicas.

As ilhas de lixo não são ilhas de verdade, mas sim uma camada de detritos que flutua rente à superfície da água, como uma sopa de plástico. Elas são compostas por uma mistura de objetos descartados, como garrafas, sacolas, embalagens, máscaras, redes de pesca e microplásticos invisíveis a olho nu. Esses plásticos podem levar centenas de anos para se decompor, e enquanto isso, eles causam diversos impactos ambientais.

Onde elas estão localizadas: cinco grandes manchas de lixo que cobrem os oceanos

Existem cinco grandes ilhas de lixo nos oceanos, uma em cada um dos principais vórtices oceânicos: Pacífico Norte, Pacífico Sul, Atlântico Norte, Atlântico Sul e Índico.

A seguir, uma tabela que compara as áreas das ilhas de lixo com as áreas de países ou estados brasileiros, em ordem decrescente de tamanho:

Ilha de lixoÁrea (km²)Equivalência
Pacífico Norte1.600.000Quase 3 vezes o estado do Amazonas
Pacífico Sul1.400.000Quase 2 vezes o estado do Pará
Índico500.000Quase o tamanho do estado da Bahia
Atlântico Norte200.000Quase o tamanho do estado do Ceará
Atlântico Sul100.000Quase o tamanho do estado do Rio de Janeiro

A maior ilha de lixo é a do Pacífico Norte, também conhecida como Grande Mancha de Lixo do Pacífico. Ela tem uma área estimada de 1,6 milhões de quilômetros quadrados, o equivalente a quase três vezes o tamanho do estado do Amazonas. 

Ela está localizada na região entre a Califórnia e o Havaí, e foi descoberta em 1997 pelo oceanógrafo norte-americano Charles Moore. Ela é formada por duas sub-regiões: a Mancha de Lixo Oriental e a Mancha de Lixo Ocidental, que se conectam por uma zona de transição. Ela contém cerca de 80 mil toneladas de plástico, que representam 1,8 trilhões de peças.

As outras ilhas de lixo são menores, mas ainda assim muito extensas e poluídas. Elas estão localizadas em regiões tropicais ou subtropicais dos oceanos, onde as correntes oceânicas se encontram e formam vórtices circulares. 

Elas contêm uma variedade de objetos plásticos, desde garrafas e sacolas até redes de pesca e máscaras. Elas também contêm microplásticos, que são partículas menores do que 5 milímetros, que podem ser ingeridas pelos animais marinhos ou se infiltrar nos ecossistemas.

Onde estão localizadas as ilhas de lixo do Brasil?

O Brasil é um dos países que mais contribui para a poluição plástica dos oceanos, sendo responsável por pelo menos 2 milhões de toneladas de lixo oceânico global, o que equivale a uma área do tamanho de 7 mil campos de futebol. Esse lixo se origina principalmente do descarte inadequado de resíduos nas cidades, que são levados pelos rios até o mar. 

Segundo um estudo do Pacto Global da ONU no Brasil, 3,44 milhões de toneladas de plástico potencialmente chegam ao meio ambiente a cada ano, sendo que 67% estão concentrados nas bacias hidrográficas com maior risco de entrada no oceano.

As principais regiões do Brasil onde se formam ilhas de lixo são:

A foz do rio Amazonas, entre os estados do Amapá e do Pará, que recebe uma grande quantidade de lixo proveniente da região Norte e de outros países da América do Sul. Essa região é considerada a mais crítica do país, pois tem um potencial muito alto de chegar ao mar, e também porque afeta a biodiversidade e a economia da maior floresta tropical do mundo.

  • A foz do rio Tocantins, no estado do Pará, que também recebe uma grande quantidade de lixo proveniente da região Norte, especialmente do estado do Tocantins, que tem uma baixa taxa de coleta e reciclagem de resíduos. Essa região também tem um potencial muito alto de chegar ao mar, e também porque afeta a biodiversidade e a economia da Amazônia Oriental.
  • A foz do rio Paraíba do Sul, no estado do Rio de Janeiro, que recebe uma grande quantidade de lixo proveniente da região Sudeste, especialmente dos estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, que são os maiores consumidores de plástico do país. Essa região também tem um potencial muito alto de chegar ao mar, e também porque afeta a biodiversidade e a economia da Mata Atlântica e da Baía de Guanabara.
  • A Baía de Guanabara, no estado do Rio de Janeiro, que recebe uma grande quantidade de lixo proveniente da região metropolitana do Rio de Janeiro, que tem uma alta densidade populacional e uma baixa infraestrutura de saneamento básico. Essa região também tem um potencial muito alto de chegar ao mar, e também porque afeta a biodiversidade e a economia da cidade do Rio de Janeiro, que é um dos principais destinos turísticos do país.
  • A Lagoa dos Patos, no estado do Rio Grande do Sul, que recebe uma grande quantidade de lixo proveniente da região Sul, especialmente dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, que têm uma alta produção agropecuária e industrial. Essa região também tem um potencial muito alto de chegar ao mar, e também porque afeta a biodiversidade e a economia da região dos Pampas.

Impactos ambientais: como as ilhas de lixo afetam o clima, a vida marinha e a saúde humana

Os impactos ambientais das ilhas de lixo podem ser divididos em três categorias: impactos no clima e no aquecimento global, impactos na vida marinha e impactos na saúde humana. A seguir, uma descrição de cada um desses impactos:

1 – Impactos no clima e no aquecimento global: como os plásticos nos oceanos contribuem para o aquecimento global e as mudanças climáticas

Os plásticos nos oceanos emitem gases de efeito estufa, como o metano e o etileno, que contribuem para o aquecimento global e as mudanças climáticas. Segundo o relatório da ONU Meio Ambiente, os plásticos nos oceanos emitem cerca de 255 mil toneladas de gases de efeito estufa por ano, o que equivale às emissões de 55 mil carros. Se nada for feito, esse número pode aumentar para 1,9 milhões de toneladas por ano até 2050, o que equivale às emissões de 425 mil carros.

Os plásticos nos oceanos também alteram o balanço de radiação da superfície oceânica, pois eles refletem mais luz solar do que a água, reduzindo a absorção de calor pelos oceanos. Isso pode afetar o clima global, pois os oceanos são responsáveis por regular a temperatura da atmosfera, distribuindo o calor pelo planeta. 

Além disso, os plásticos nos oceanos interferem na circulação termohalina, que é o movimento das águas oceânicas que regula o clima global, pois eles podem afetar a densidade, a salinidade e a temperatura da água. Isso pode alterar os padrões climáticos, como as chuvas, as secas, os furacões e as ondas de calor.

2 – Impactos na vida marinha: como os plásticos nos oceanos causam a morte e o sofrimento de milhões de animais marinhos

Os plásticos nos oceanos causam a morte e o sofrimento de milhões de animais marinhos, que podem ficar presos, feridos, asfixiados ou intoxicados pelos plásticos. Segundo a ONU, mais de 800 espécies de animais marinhos são afetadas pela poluição plástica, incluindo tartarugas, golfinhos, baleias, focas, peixes, aves e crustáceos. Estima-se que mais de 100 mil animais marinhos morrem todos os anos por causa dos plásticos nos oceanos, e que mais de 90% das aves marinhas têm plástico em seus estômagos.

Os plásticos nos oceanos também contaminam a cadeia alimentar marinha, que pode afetar a saúde humana, pois os plásticos podem conter substâncias tóxicas, como metais pesados, pesticidas e disruptores endócrinos, que se acumulam nos tecidos dos animais e podem ser transferidos aos seus predadores, inclusive aos humanos. Essas substâncias podem causar doenças gastrointestinaais, alergias, infecções, câncer, problemas hormonais, neurológicos e imunológicos, entre outros.

Além disso, os plásticos nos oceanos degradam os ecossistemas marinhos, que podem perder a biodiversidade, a produtividade e a resiliência, pois os plásticos podem alterar a composição, a estrutura e o funcionamento das comunidades biológicas. 

Por exemplo, os plásticos podem servir de abrigo para espécies invasoras, que podem competir ou predar as espécies nativas, reduzindo a diversidade e o equilíbrio ecológico. Os plásticos também podem afetar a fotossíntese das algas, que são a base da cadeia alimentar marinha, reduzindo a produção de oxigênio e de matéria orgânica. E também podem afetar a decomposição da matéria orgânica, alterando o ciclo de nutrientes e a qualidade da água.

3 – Impactos na saúde humana: como os plásticos nos oceanos podem afetar a nossa saúde e o nosso bem-estar

Os plásticos nos oceanos podem afetar a nossa saúde e o nosso bem-estar de várias formas, como por meio da ingestão de alimentos contaminados, da exposição a agentes infecciosos, da redução da qualidade da água e do ar, e da perda de serviços ecossistêmicos. Os plásticos podem causar as mesmas doenças e problemas que causam nos animais marinhos, como já mencionado anteriormente. Eles também podem comprometer a segurança alimentar, a disponibilidade de água potável, a qualidade do ar e o bem-estar social e econômico das populações que dependem dos oceanos.

Os oceanos são fontes de alimento, água, energia, transporte, lazer, cultura e inspiração para bilhões de pessoas no mundo. Eles também são responsáveis por regular o clima, absorver o gás carbônico, produzir o oxigênio, reciclar os nutrientes, purificar a água e proteger a costa. Esses são os chamados serviços ecossistêmicos, que são os benefícios que os ecossistemas naturais proporcionam aos seres humanos. Esses serviços ecossistêmicos têm um valor econômico estimado em trilhões de dólares por ano, mas eles estão sendo ameaçados pela poluição plástica, que pode reduzir ou destruir esses benefícios.

Soluções para o problema: como podemos combater as ilhas de lixo nos oceanos

Algumas das soluções para o problema das ilhas de lixo nos oceanos são:

  • The Ocean Cleanup, que desenvolve sistemas flutuantes para capturar e remover os plásticos dos oceanos e reciclá-los em novos produtos. Para saber mais sobre essa iniciativa,  assista os vídeos 👉The Ocean Cleanup.
  • Plastic Bank, que incentiva a coleta de plásticos em comunidades costeiras vulneráveis, oferecendo recompensas em dinheiro, créditos, educação ou serviços. Os plásticos coletados são vendidos como matéria-prima social e ambientalmente responsável para empresas que querem reduzir sua pegada ecológica. Para saber mais sobre essa iniciativa, assista os vídeos 👉 Plastic Bank.
  • Parley for the Oceans, que promove a colaboração entre artistas, cientistas, ativistas e empresas para conscientizar, educar e inovar soluções para proteger os oceanos. A organização também coleta e recicla plásticos marinhos em parceria com marcas como Adidas, Stella McCartney e American Express. Para saber mais sobre essa iniciativa, assista os vídeos👉 Parley for the Oceans.

Essas são apenas algumas das soluções para o problema das ilhas de lixo nos oceanos, mas existem muitas outras que podem ser implementadas em diferentes níveis, desde o individual até o global. O mais importante é que todos nós façamos a nossa parte para reduzir o consumo e o descarte de plásticos, e para apoiar as iniciativas que visam limpar e preservar os oceanos.

Reciclagem: a importância de transformar o lixo em riqueza

A reciclagem é uma das formas mais eficazes de prevenir e combater o problema das ilhas de lixo nos oceanos, pois ela reduz a quantidade de resíduos que são gerados e descartados, e transforma os plásticos em novos produtos, evitando o consumo de recursos naturais e a emissão de gases de efeito estufa. A reciclagem também pode gerar oportunidades econômicas, sociais e ambientais, como mostra o exemplo abaixo:

Um exemplo de como a reciclagem pode gerar riqueza a partir do lixo é o projeto 👉EcoBricks, que transforma garrafas plásticas cheias de resíduos plásticos em tijolos ecológicos, que podem ser usados na construção de casas, escolas e outros edifícios. Esse projeto já beneficiou milhares de pessoas em países como Filipinas, África do Sul e Brasil, que conseguiram melhorar suas condições de moradia e de vida. Para saber mais sobre esse projeto, assista os vídeos 👉EcoBricks,.

A reciclagem é uma forma de dar um novo destino e um novo valor aos plásticos que seriam jogados fora, e que podem se tornar fontes de renda, de educação, de saúde e de bem-estar para as pessoas e para o planeta. A reciclagem também é uma forma de conscientizar as pessoas sobre a importância de reduzir, reutilizar e reciclar os plásticos, e de incentivar a criação de uma economia circular, que é baseada na sustentabilidade e na regeneração dos recursos naturais.

O que você pode fazer para ajudar: dicas simples e práticas para combater as ilhas de lixo nos oceanos

Depois de ler este artigo, você pode estar se perguntando: o que eu posso fazer para ajudar a combater as ilhas de lixo nos oceanos? A resposta é: muito! Você pode adotar hábitos simples e práticos que podem fazer a diferença, como:

  • Evitar o uso de plásticos descartáveis, como sacolas, canudos, copos, talheres, pratos, garrafas, embalagens, etc. Prefira usar produtos reutilizáveis, como sacolas de pano, canudos de metal, copos e garrafas térmicas, talheres e pratos de inox, etc.
  • Separar e descartar corretamente os plásticos que não podem ser evitados, como embalagens de alimentos, produtos de higiene, medicamentos, etc. Coloque-os em lixeiras ou pontos de coleta específicos para reciclagem, e não misture-os com outros tipos de lixo, como orgânico, papel, metal, vidro, etc.
  • Apoiar e participar de iniciativas de limpeza e de reciclagem de plásticos, como as que foram citadas neste artigo, ou outras que existam na sua região ou no seu país. Você pode doar dinheiro, tempo, trabalho, materiais ou divulgação para essas iniciativas, e contribuir para a sua sustentabilidade e eficiência.
  • Conscientizar e educar outras pessoas sobre o problema das ilhas de lixo nos oceanos, e sobre as formas de prevenir e combater esse problema. Você pode compartilhar este artigo, ou outros materiais informativos e educativos, com seus amigos, familiares, colegas, vizinhos, etc. Você também pode organizar ou participar de eventos, palestras, oficinas, campanhas, etc., que visem sensibilizar e mobilizar as pessoas para essa causa.

Essas são apenas algumas dicas simples e práticas que você pode seguir para ajudar a combater as ilhas de lixo nos oceanos, mas existem muitas outras que você pode descobrir e inventar. O mais importante é que você se sinta motivado e engajado para fazer a sua parte, e para inspirar outras pessoas a fazerem o mesmo. Afinal, os oceanos são de todos nós, e dependem de todos nós.

O futuro dos oceanos depende de nós: um convite à reflexão e à ação

As ilhas de lixo nos oceanos são um problema grave e complexo, que afeta a vida de todos os seres vivos no planeta. Elas são o resultado de décadas de consumo irresponsável e descarte inadequado de resíduos. Mas elas também são uma oportunidade de mudança e de inovação, que pode gerar benefícios sociais, ambientais e econômicos. Cabe a nós, como cidadãos, consumidores e produtores, fazer a nossa parte para combater esse problema e proteger os nossos oceanos. Afinal, eles são a nossa maior fonte de vida e de riqueza.

Neste artigo, você aprendeu o que são as ilhas de lixo, onde elas estão localizadas, como elas afetam o clima, a vida marinha e a saúde humana, e o que podemos fazer para resolver esse problema. Esperamos que este artigo tenha sido útil e interessante para você, e que tenha despertado a sua curiosidade e a sua consciência sobre esse tema. Agora, convidamos você a refletir e a agir sobre o seguinte:

  • O que você pensa e sente sobre as ilhas de lixo nos oceanos?
  • O que você faz e o que você pode fazer para prevenir e combater as ilhas de lixo nos oceanos?
  • O que você espera e o que você deseja para o futuro dos oceanos?

Agradecemos a sua atenção e o seu interesse por este artigo. Se você gostou, por favor, curta, comente e compartilhe com outras pessoas. Assim, você nos ajuda a divulgar esse tema e a mobilizar mais pessoas para essa causa. Juntos, podemos fazer a diferença e salvar os nossos oceanos.

By IDFM

Na Vibe de Prometeu, o conhecimento te liberta!

Estamos no Google News, nas seguir e seja notificado sempre que houver uma nova publicação:
click agora 👉 https://news.google.com/s/CBIw6NGf108?sceid=BR:pt-419&sceid=BR:pt-419

Deixe um comentário