Sono e Memória: Como Dormir Bem Pode Melhorar ou Piorar a Sua Capacidade de Lembrar

Imagine que você é um estudante que tem uma prova importante no dia seguinte. Você passa a noite toda estudando, tentando memorizar o máximo de informações possível e decide dormir algumas horas antes da prova, para descansar o seu cérebro e consolidar o que aprendeu. 

Você acha que isso vai te ajudar a lembrar melhor do que estudou, certo? Mas será que é isso mesmo que acontece?

A verdade é que o sono pode ter efeitos paradoxais na sua memória. Por um lado, ele pode melhorar a sua capacidade de reter e recuperar as informações que você adquiriu durante o dia. Por outro lado, ele também pode induzir a falsas memórias, ou seja, lembranças de coisas que nunca aconteceram ou que foram distorcidas pela sua mente. Essas falsas memórias podem prejudicar a sua acurácia e a sua confiabilidade, e podem ter consequências negativas para a sua vida pessoal, acadêmica e profissional.

Neste artigo, você vai descobrir como o sono pode influenciar a sua memória, tanto de forma positiva quanto negativa, e como se prevenir dos efeitos indesejados do sono na formação de falsas memórias. 

Também vai aprender o que é a memória e como ela funciona, quais são os benefícios e os riscos do sono na memória, quais são as estratégias e os hábitos que podem ajudar a proteger a sua memória, e quais são os mitos e as verdades sobre o sono e a memória. 

Você vai ver que o sono é um processo vital para a sua saúde física e mental, mas também um fenômeno complexo e misterioso, que pode afetar a sua memória de formas surpreendentes e inesperadas.

O que é a memória e como ela funciona

A memória é a capacidade de adquirir, armazenar e recuperar informações sobre o mundo e sobre nós mesmos. Ela é essencial para o aprendizado, a educação, e a vida em geral. Sem memória, não poderíamos reconhecer as pessoas, os lugares, os objetos, os sons, os cheiros, os sabores, as emoções, os pensamentos, os sonhos, etc. A memória é como um arquivo que guarda as nossas experiências e conhecimentos, e que nos permite acessá-los quando precisamos.

A memória não é um processo único, mas sim um conjunto de processos que envolvem diferentes tipos, estágios e sistemas de memória. Os principais tipos de memória são:

  • A memória sensorial, que é a mais breve e registra as informações que chegam pelos sentidos, como a visão, a audição, o tato, o olfato e o paladar. Ela dura apenas alguns segundos e serve para filtrar o que é relevante ou não para a atenção.
  • A memória de curto prazo, que é a mais limitada e armazena as informações que são processadas pela atenção, como números, nomes, palavras, etc. Ela dura cerca de 15 a 30 segundos e tem uma capacidade de cerca de 7 itens, podendo variar de acordo com o indivíduo e o contexto.
  • A memória de longo prazo, que é a mais duradoura e armazena as informações que são consolidadas pela repetição, pela associação, pela emoção, pela compreensão, etc. Ela pode durar desde minutos até anos e tem uma capacidade praticamente ilimitada. Ela pode ser dividida em subtipos, como a memória declarativa (que guarda fatos e eventos) e a memória procedural (que guarda habilidades e hábitos).

Os principais estágios da memória são:

  • A codificação, que é o processo de transformar as informações em um formato que possa ser armazenado na memória. Por exemplo, quando você lê uma palavra, você a codifica em um código visual, fonológico, semântico, etc.
  • O armazenamento, que é o processo de manter as informações na memória por um determinado período de tempo. Por exemplo, quando você repete uma palavra várias vezes, você a armazena na memória de curto prazo ou de longo prazo, dependendo da frequência e da intensidade da repetição.
  • A recuperação, que é o processo de acessar as informações que estão armazenadas na memória. Por exemplo, quando você precisa lembrar de uma palavra, você a recupera da memória de curto prazo ou de longo prazo, dependendo de quando e como você a codificou e armazenou.

Os principais sistemas de memória são:

  • O hipocampo, que é uma estrutura localizada no lobo temporal do cérebro, e que é responsável pela formação e consolidação das memórias declarativas, especialmente as memórias episódicas (que guardam os eventos da nossa vida pessoal).
  • O córtex pré-frontal, que é uma região localizada na parte anterior do cérebro, e que é responsável pelo controle e pela manipulação das memórias de curto prazo, especialmente as memórias de trabalho (que guardam as informações que são usadas para realizar tarefas cognitivas complexas).
  • O cerebelo, que é uma estrutura localizada na parte posterior do cérebro, e que é responsável pela formação e consolidação das memórias procedurais, especialmente as memórias motoras (que guardam as habilidades e os movimentos do corpo).

Os pontos positivos do sono na memória

O sono é um período em que o cérebro consolida e reorganiza as informações que foram adquiridas durante o dia, e que isso facilita a recuperação e a aplicação dessas informações posteriormente. 

Segundo um estudo do Medical Xpress, as pessoas que dormiram entre o período do estudo e do teste tiveram melhores resultados de retenção de memória do que aqueles que ficaram acordados. 

O sono é essencial para o aprendizado e a educação, e que dormir bem pode trazer benefícios para os estudantes, professores, e profissionais de diversas áreas. Alguns dos benefícios do sono na memória são:

  • Melhor codificação: O sono pode ajudar a codificar as informações de forma mais eficiente e duradoura, pois ele permite que o cérebro processe e integre as informações de forma mais profunda e significativa. Por exemplo, quando você dorme depois de estudar, você pode relacionar o que aprendeu com o que já sabe, e assim formar redes de conhecimento mais complexas e organizadas.
  • Melhor armazenamento: O sono pode ajudar a armazenar as informações de forma mais estável e segura, pois ele permite que o cérebro transfira e reforce as informações do hipocampo para o córtex, e assim formar traços de memória mais fortes e duradouros. Por exemplo, quando você dorme depois de estudar, você pode evitar que as informações sejam perdidas ou interferidas por outras informações que chegam ao cérebro durante o dia.
  • Melhor recuperação: O sono pode ajudar a recuperar as informações de forma mais rápida e precisa, pois ele permite que o cérebro acesse e ative as informações que estão armazenadas no córtex, e assim formar representações de memória mais claras e completas. Por exemplo, quando você dorme depois de estudar, você pode lembrar melhor do que estudou no dia seguinte, e aplicar o que aprendeu em situações novas e diferentes.

Os pontos negativos do sono na memória

O sono também é um período em que o cérebro cria e reforça associações entre as informações que foram adquiridas durante o dia, e que isso pode levar a confusões e erros de memória. 

Segundo os estudos do Medical Xpress, da Sleep and Vigilance e da PLOS ONE, as pessoas que dormiram entre o período do estudo e do teste também foram mais propensas a acreditar que leram palavras relacionadas ao que estudaram, mas que não estavam realmente na lista.

Esse fenômeno é chamado de falsa memória, e ele pode ocorrer tanto com palavras quanto com imagens, sons, eventos, etc. 

As falsas memórias são lembranças de coisas que nunca aconteceram ou que foram distorcidas pela mente. Elas podem ser causadas por vários fatores, mas um dos mais intrigantes é o sono. Alguns dos efeitos negativos do sono na memória são:

  • Pior codificação: O sono pode prejudicar a codificação das informações de forma correta e fidedigna, pois ele pode misturar e distorcer as informações que foram adquiridas durante o dia, e assim formar redes de conhecimento mais confusas e errôneas. Por exemplo, quando você dorme depois de estudar, você pode incorporar informações falsas ou irrelevantes ao que aprendeu, e assim formar memórias que não correspondem à realidade.
  • Pior armazenamento: O sono pode prejudicar o armazenamento das informações de forma consistente e confiável, pois ele pode alterar e enfraquecer as informações que foram transferidas e reforçadas do hipocampo para o córtex, e assim formar traços de memória mais fracos e instáveis. Por exemplo, quando você dorme depois de estudar, você pode perder ou esquecer algumas das informações que você memorizou, ou confundi-las com outras informações semelhantes.
  • Pior recuperação: O sono pode prejudicar a recuperação das informações de forma eficaz e precisa, pois ele pode interferir e modificar as informações que estão armazenadas no córtex, e assim formar representações de memória mais vagas e incompletas. Por exemplo, quando você dorme depois de estudar, você pode ter dificuldade em lembrar do que estudou, ou lembrar de coisas que não estavam no material de estudo. 

Como se proteger das falsas memórias

Não há uma forma infalível de evitar as falsas memórias, mas existem algumas dicas que podem auxiliar na manutenção de uma memória mais precisa e confiável. Essas dicas envolvem tanto o controle do sono quanto o uso de estratégias cognitivas. 

Segundo os estudos da Sleep and Vigilance, da PLOS ONE e do Science Times, as pessoas podem prevenir ou reduzir os efeitos indesejados do sono na formação de falsas memórias. Algumas dessas dicas são:

  • Usar exemplos concretos e contextualizados para estudar: O uso de exemplares de categorias como estímulos pode diminuir as falsas memórias em comparação com o uso de palavras isoladas. Por exemplo, os estudantes podem usar exemplos reais e relevantes para aprender conceitos abstratos ou teóricos, em vez de apenas decorar listas de termos. Isso pode ajudar a formar memórias mais distintas e específicas, e a evitar confusões e generalizações.
  • Dormir o suficiente e evitar fazer atividades que exijam memória e atenção quando estiver cansado ou sonolento: A perda de sono produz falsas memórias, pois prejudica a codificação, o armazenamento e a recuperação das informações. Por exemplo, as pessoas devem dormir pelo menos 7 horas por noite, e evitar fazer provas, testemunhar, depor, ou tomar decisões importantes quando estiverem privadas de sono. Isso pode ajudar a preservar a acurácia e a confiabilidade da memória, e a evitar erros e distorções.
  • Revisar e verificar as informações que aprendeu antes e depois de dormir, e buscar fontes confiáveis e independentes para confirmar ou refutar as suas memórias: O sono pode ajudar a lembrar tanto de memórias verdadeiras quanto falsas, pois reativa e modifica as informações que estão armazenadas no cérebro. Por exemplo, as pessoas devem revisar o que aprenderam antes de dormir, para reforçar as memórias verdadeiras, e depois de acordar, para corrigir as memórias falsas. Elas também devem buscar fontes confiáveis e independentes, como livros, artigos, vídeos, etc., para confirmar ou refutar as suas memórias, e não confiar apenas na sua intuição ou na sua confiança.

Mitos e verdades sobre dormir e a memória

O sono e a memória são temas que despertam o interesse e a curiosidade de muitas pessoas, mas também são temas que geram muitas dúvidas e confusões. Existem muitos mitos e verdades sobre dormir e a memória, que podem influenciar a forma como as pessoas lidam com esses processos. Nesta seção, vamos esclarecer alguns dos mitos e verdades mais comuns sobre dormir e a memória, e mostrar o que a ciência diz sobre eles.

  • Mito: Dormir demais faz mal para a memória: Muitas pessoas acreditam que dormir demais pode prejudicar a memória, pois pode causar sonolência, confusão, e falta de concentração. No entanto, isso não é verdade. Dormir demais não faz mal para a memória, desde que seja um sono de qualidade e adequado às necessidades individuais. Na verdade, dormir demais pode até melhorar a memória, pois pode aumentar a consolidação e a reorganização das informações no cérebro. O que faz mal para a memória é dormir de menos, pois isso pode causar fadiga, estresse, e dificuldade de aprendizado.
  • Verdade: Sonhar pode ajudar a memória: Muitas pessoas acreditam que sonhar pode ajudar a memória, pois pode refletir, processar, e integrar as experiências e os conhecimentos que foram adquiridos durante o dia. E isso é verdade. Sonhar pode ajudar a memória, pois é uma forma de o cérebro revisar e reforçar as informações que são importantes ou significativas para o indivíduo. Sonhar também pode ajudar a resolver problemas, a gerar ideias, e a estimular a criatividade. O que pode prejudicar a memória é não lembrar dos sonhos, pois isso pode indicar que o sono não foi profundo ou contínuo o suficiente.
  • Mito: A memória é infalível: Muitas pessoas acreditam que a memória é infalível, ou seja, que ela é capaz de registrar, guardar, e reproduzir as informações de forma exata e imutável. No entanto, isso não é verdade. A memória é falível, ou seja, ela é sujeita a erros, distorções, e esquecimentos. A memória não é como uma câmera ou um gravador, que captura e reproduz as informações de forma fiel e permanente. A memória é como um construtor ou um editor, que cria e modifica as informações de forma dinâmica e adaptativa. A memória é influenciada por vários fatores, como a atenção, a emoção, a motivação, a expectativa, o contexto, etc., que podem afetar a forma como as informações são codificadas, armazenadas, e recuperadas.
  • Verdade: A memória pode ser melhorada: Muitas pessoas acreditam que a memória pode ser melhorada, ou seja, que ela pode ser treinada, estimulada, e aprimorada. E isso é verdade. A memória pode ser melhorada, pois ela é um processo plástico e flexível, que pode se adaptar e se desenvolver de acordo com as demandas e as experiências do indivíduo. Existem várias formas de melhorar a memória, como usar estratégias mnemônicas, fazer exercícios físicos, ter uma alimentação saudável, controlar o estresse, dormir bem, etc. Essas formas podem ajudar a otimizar os processos de codificação, armazenamento, e recuperação das informações, e a prevenir ou retardar o declínio da memória.

A importância de cuidar do sono e da memória

Neste artigo, você viu como o sono pode afetar a sua memória, tanto de forma positiva quanto negativa, e como se prevenir dos efeitos indesejados do sono na formação de falsas memórias. 

Também viu o que é a memória e como ela funciona, quais são os benefícios e os riscos do sono na memória, quais são as estratégias e os hábitos que podem ajudar a proteger a sua memória, e quais são os mitos e as verdades sobre o sono e a memória. 

E que o sono e a memória são processos vitais para a sua saúde física e mental, mas também processos complexos e misteriosos, que podem afetar a sua vida de formas surpreendentes e inesperadas.

Por isso, é importante que você cuide do seu sono e da sua memória, pois eles podem influenciar o seu aprendizado, a sua educação, e a sua vida em geral. 

Você pode cuidar do seu sono e da sua memória seguindo as dicas que foram apresentadas neste artigo e também pode compartilhar o seu conhecimento e a sua experiência com outras pessoas, e assim contribuir para a conscientização e a prevenção dos problemas relacionados ao sono e à memória.

Esperamos que você tenha gostado deste artigo, e que ele tenha sido útil e informativo para você. Se você quiser saber mais sobre o sono e a memória, você pode acessar os links dos estudos que foram usados como referência neste artigo. Eles são:

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Obrigado por ler e até a próxima!

By IDFM

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