Prevenção de acidentes aéreos: como garantir a segurança da aviação

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A aviação é um dos meios de transporte mais rápidos e convenientes do mundo, mas também envolve riscos de acidentes que podem ter consequências fatais.

No último sábado (16.09.23), um acidente aéreo chocou o Brasil e o mundo, deixando 14 mortos na cidade de Barcelos, no interior do Amazonas. O avião, que levava turistas para uma pescaria no Rio Negro, caiu durante o pouso em meio a uma forte chuva. A causa do acidente ainda está sendo investigada, mas suspeita-se de falha mecânica ou humana.

O que causa esses acidentes? Como eles podem ser evitados? Neste artigo, vamos explorar a história, as causas e as medidas de prevenção dos acidentes aéreos.

Como os acidentes aéreos evoluíram ao longo do tempo?

Os acidentes aéreos são tão antigos quanto a própria aviação. Desde os primeiros voos experimentais até os dias atuais, muitas tentativas de voo terminaram em falhas graves que causaram quedas e perdas. Alguns dos pioneiros da aviação perderam suas vidas testando suas invenções, como Otto Lilienthal e Percy Pilcher. O primeiro acidente fatal com aviões de asas fixas ocorreu em 1908, quando Thomas Selfridge morreu no avião pilotado por Orville Wright.

Com o desenvolvimento da aviação comercial na década de 1920, os acidentes aéreos se tornaram mais frequentes e graves. O número de mortes anuais em acidentes aéreos superou 100 pela primeira vez em 1928, e 1.000 em 1943. Desde 1945, o número de mortes foi menor que 1.000 somente em três ocasiões: 2004, 2007 e 2008.

Ao longo do tempo, a segurança da aviação evoluiu com o avanço da tecnologia, do treinamento e da regulamentação. Os aviões se tornaram mais confiáveis, os pilotos mais qualificados e os controles mais rigorosos. No entanto, os acidentes aéreos ainda acontecem e representam um desafio para a indústria da aviação.

Quais são os principais fatores que provocam acidentes aéreos?

As causas de acidentes aéreos podem ser variadas e complexas, envolvendo fatores humanos, técnicos ou ambientais. Segundo uma análise de 1.843 acidentes aéreos desde 1950 até 2006, as causas mais comuns foram:

  • Erro do piloto: responsável por 53% dos acidentes. O erro do piloto pode incluir falhas na tomada de decisão, na comunicação, na coordenação ou na execução das manobras. Alguns exemplos de acidentes causados por erro do piloto são o voo 981 da Turkish Airlines em 1974 e o voo 587 da American Airlines em 2001.
  • Falhas estruturais: responsáveis por 21% dos acidentes. As falhas estruturais podem envolver defeitos no projeto, na fabricação ou na manutenção das aeronaves. Alguns exemplos de acidentes causados por falhas estruturais são o voo 123 da Japan Airlines em 1985 e o voo 191 da American Airlines em 1979.
  • Clima/tempo: responsável por 11% dos acidentes. As condições climáticas adversas podem afetar a visibilidade, a estabilidade ou o desempenho das aeronaves. Alguns exemplos de acidentes causados por clima/tempo são o voo 901 da Air New Zealand em 1979 e o voo 447 da Air France em 2009.
  • Outros erros humanos: responsáveis por 8% dos acidentes. Outros erros humanos podem envolver falhas no controle de tráfego aéreo, na carga, na manutenção ou na comunicação. Alguns exemplos de acidentes causados por outros erros humanos são o acidente de Tenerife em 1977 e o acidente de Charkhi Dadri em 1996.
  • Sabotagem: responsável por 5% dos acidentes. A sabotagem pode envolver atos de terrorismo, guerra ou violência, como bombas, sequestros ou abatimentos. Alguns exemplos de acidentes causados por sabotagem são o voo 103 da Pan Am em 1988 e o voo 17 da Malaysia Airlines em 2014.

Quais foram os acidentes aéreos mais marcantes no Brasil?

O Brasil também registrou vários acidentes aéreos ao longo da sua história, alguns deles com repercussão internacional. Segundo o CENIPA (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), o Brasil registrou 142 acidentes aéreos em 2019, com 58 mortes. A seguir, listamos alguns dos acidentes aéreos mais notáveis que ocorreram no Brasil:

  • Voo 820 da Varig: em 11 de julho de 1973, um Boeing 707 da Varig que ia do Rio de Janeiro para Paris pegou fogo em pleno voo, provavelmente devido a um cigarro aceso no banheiro. O avião fez um pouso de emergência em um campo próximo ao aeroporto de Orly, mas apenas 37 dos 134 ocupantes sobreviveram.
  • Voo 254 da Varig: em 3 de setembro de 1989, um Boeing 737 da Varig que ia de Marabá para Belém se perdeu na rota devido a um erro na leitura do plano de voo. O avião ficou sem combustível e fez um pouso forçado em uma área remota da floresta amazônica. Dos 54 ocupantes, apenas 13 morreram.
  • Voo 1907 da Gol: em 29 de setembro de 2006, um Boeing 737 da Gol que ia de Manaus para Brasília colidiu no ar com um jato executivo Legacy que ia de São José dos Campos para os Estados Unidos. O avião da Gol caiu na floresta amazônica, matando todos os 154 ocupantes. O jato executivo conseguiu pousar em uma base aérea próxima.
  • Voo 3054 da TAM: em 17 de julho de 2007, um Airbus A320 da TAM que ia de Porto Alegre para São Paulo não conseguiu parar na pista do aeroporto de Congonhas, que estava molhada e sem ranhuras. O avião ultrapassou os limites do aeroporto e se chocou com um prédio e um posto de gasolina. O acidente matou todos os 187 ocupantes do avião e mais 12 pessoas no solo.
  • Voo 447 da Air France: em 1º de junho de 2009, um Airbus A330 da Air France que ia do Rio de Janeiro para Paris caiu no oceano Atlântico após enfrentar uma forte turbulência e falhas nos sensores de velocidade. O acidente matou todos os 228 ocupantes do avião. Os destroços foram encontrados somente dois anos depois.

Você sabe quais foram os desastres aéreos mais mortais da história?

Os desastres aéreos são eventos trágicos que marcam a história da aviação e da humanidade. Alguns desses desastres envolveram centenas de mortes e causaram grande comoção mundial. A seguir, listamos os dez maiores desastres aéreos da história, excluindo aqueles que envolveram ataques terroristas ou atos de guerra:

  • Acidente de Tenerife: em 27 de março de 1977, dois Boeing 747, um da Pan Am e outro da KLM, se chocaram na pista do aeroporto de Los Rodeos, nas Ilhas Canárias, Espanha. O acidente foi causado por uma confusão entre os controles das aeronaves e pela baixa visibilidade. O acidente matou 583 pessoas e deixou apenas 61 sobreviventes.
  • Voo 123 da Japan Airlines: em 12 de agosto de 1985, um Boeing 747 da Japan Airlines que ia de Tóquio para Osaka sofreu uma súbita descompressão explosiva doze minutos depois da decolagem e caiu na área do Monte Takamagahara em Ueno, na Prefeitura de Gunma, a 100 km de Tóquio, quarenta e dois minutos depois da decolagem. O acidente matou todos os 15 tripulantes e 505 dos 509 passageiros. Foi o acidente aéreo mais mortal envolvendo uma única aeronave da história da aviação, e o segundo maior acidente aéreo da história da aviação, atrás apenas do Desastre aéreo de Tenerife.
  • Voo 655 da Iran Air: em 3 de julho de 1988, um Airbus A300 da Iran Air que ia de Bandar Abbas para Dubai foi abatido por um míssil disparado pelo cruzador USS Vincennes, que estava no Golfo Pérsico durante a Guerra Irã-Iraque. O acidente matou todos os 290 ocupantes do avião. O governo dos Estados Unidos afirmou que o avião foi confundido com um caça iraniano e que o ataque foi um erro trágico.
  • Voo 17 da Malaysia Airlines: em 17 de julho de 2014, um Boeing 777 da Malaysia Airlines que ia de Amsterdã para Kuala Lumpur foi abatido por um míssil disparado por rebeldes pró-Rússia no leste da Ucrânia, durante o conflito armado na região. O acidente matou todos os 298 ocupantes do avião. A investigação internacional concluiu que o míssil era de origem russa e que os responsáveis pelo ataque devem ser levados à justiça.
  • Voo 103 da Pan Am: em 21 de dezembro de 1988, um Boeing 747 da Pan Am que ia de Londres para Nova York explodiu no ar sobre Lockerbie, na Escócia, após uma bomba colocada em uma mala detonar no compartimento de carga. O acidente matou todos os 259 ocupantes do avião e mais 11 pessoas no solo. O atentado foi atribuído à Líbia, que admitiu sua responsabilidade em 2003 e pagou indenizações às famílias das vítimas.
  • Voo 587 da American Airlines: em 12 de novembro de 2001, um Airbus A300 da American Airlines que ia de Nova York para Santo Domingo se desintegrou no ar logo após a decolagem, após o piloto aplicar força excessiva nos pedais do leme para corrigir uma turbulência causada pelo voo anterior. O acidente matou todos os 260 ocupantes do avião e mais cinco pessoas no solo.
  • Voo 592 da ValuJet: em 11 de maio de 1996, um McDonnell Douglas DC-9 da ValuJet que ia de Miami para Atlanta pegou fogo em pleno voo, após geradores químicos de oxigênio ativados ilegalmente entrarem em combustão no compartimento de carga. O avião caiu no pântano dos Everglades, na Flórida, matando todos os 110 ocupantes do avião.
  • Voo 214 da Asiana Airlines: em 6 de julho de 2013, um Boeing 777 da Asiana Airlines que ia de Seul para São Francisco se chocou com a pista do aeroporto de São Francisco durante o pouso, após o piloto cometer um erro de julgamento na aproximação. O acidente matou três dos 307 ocupantes do avião e feriu outros 187.
  • Voo 981 da Turkish Airlines: em 3 de março de 1974, um McDonnell Douglas DC-10 da Turkish Airlines que ia de Istambul para Londres caiu em uma floresta perto de Paris, após uma porta de carga se soltar em pleno voo, causando uma descompressão e a ruptura dos cabos hidráulicos. O acidente matou todos os 346 ocupantes do avião.
  • Voo 800 da TWA: em 17 de julho de 1996, um Boeing 747 da TWA que ia de Nova York para Paris explodiu no ar sobre o oceano Atlântico, após um curto-circuito causar uma ignição no tanque central de combustível. O acidente matou todos os 230 ocupantes do avião.

Você conhece os desastres aéreos que desafiaram as probabilidades?

Nem todos os desastres aéreos terminam em tragédia. Alguns deles são verdadeiros milagres, em que os ocupantes das aeronaves conseguem sobreviver a situações extremas e improváveis. A seguir, listamos os cinco desastres aéreos mais surpreendentes da história, em que não houve vítimas fatais:

  • Voo 1549 da US Airways: em 15 de janeiro de 2009, um Airbus A320 da US Airways que ia de Nova York para Charlotte colidiu com um bando de gansos canadenses logo após a decolagem, perdendo potência nos dois motores. O piloto Chesley Sullenberger decidiu fazer um pouso forçado no rio Hudson, salvando todos os 155 ocupantes do avião. O feito foi considerado um “milagre no Hudson” e Sullenberger foi aclamado como um herói nacional.
  • Voo 961 da Ethiopian Airlines: em 23 de novembro de 1996, um Boeing 767 da Ethiopian Airlines que ia de Adis Abeba para Nairóbi foi sequestrado por três homens armados que exigiam ir para a Austrália. O piloto Leul Abate tentou negociar com os sequestradores, mas eles não acreditaram que o avião não tinha combustível suficiente para chegar ao destino. O avião acabou caindo no oceano Índico, perto da ilha de Comores, mas Abate conseguiu manter o avião o mais horizontal possível, reduzindo o impacto. Dos 175 ocupantes do avião, 125 sobreviveram, incluindo Abate e os três sequestradores.
  • Voo 236 da Air Transat: em 24 de agosto de 2001, um Airbus A330 da Air Transat que ia de Toronto para Lisboa sofreu uma perda maciça de combustível devido a uma fuga em uma das linhas hidráulicas. O piloto Robert Piché conseguiu planar o avião por mais de 120 km até o aeroporto de Lajes, nos Açores, Portugal. O avião pousou com segurança na pista, sem nenhum ferimento grave entre os 306 ocupantes do avião. Piché foi elogiado por sua habilidade e coragem.
  • Voo 32 da Qantas: em 4 de novembro de 2010, um Airbus A380 da Qantas que ia de Singapura para Sydney sofreu uma falha catastrófica em um dos seus quatro motores, causando danos extensos na asa esquerda e nos sistemas do avião. O piloto Richard de Crespigny e sua equipe conseguiram controlar o avião e retornar ao aeroporto de Singapura, apesar das limitações nos controles e nos freios. O avião pousou com segurança na pista, sem nenhum ferimento entre os 469 ocupantes do avião. De Crespigny foi reconhecido por sua perícia e liderança.
  • Voo 571 da Força Aérea Uruguaia: em 13 de outubro de 1972, um Fairchild FH-227 da Força Aérea Uruguaia que levava um time de rúgbi e seus familiares e amigos de Montevidéu para Santiago do Chile caiu nos Andes após atravessar uma tempestade e colidir com uma montanha. Dos 45 ocupantes do avião, apenas 16 sobreviveram após passarem mais de dois meses isolados na neve e recorrerem ao canibalismo para se alimentarem dos corpos dos mortos. Eles foram resgatados em 23 de dezembro de 1972, após dois dos sobreviventes caminharem por dez dias até encontrarem ajuda. A história dos sobreviventes foi contada no livro e no filme “Vivos”.

Como a aviação busca garantir a segurança dos voos?

A prevenção de acidentes aéreos é um dos principais objetivos da indústria da aviação e das autoridades competentes. Para garantir a segurança da aviação, são necessárias medidas que envolvem tanto os aspectos técnicos quanto os humanos. Algumas dessas medidas são:

  • Tecnologias avançadas de segurança: as aeronaves modernas contam com sistemas sofisticados de navegação, comunicação, monitoramento e alerta, que auxiliam os pilotos e reduzem os riscos de falhas. Alguns exemplos dessas tecnologias são o TCAS (Traffic Collision Avoidance System), que evita colisões no ar; o GPWS (Ground Proximity Warning System), que alerta sobre a proximidade do solo; e o EGPWS (Enhanced Ground Proximity Warning System), que usa dados de GPS e mapas digitais para detectar obstáculos no terreno.
  • Treinamento de pilotos: os pilotos devem passar por um rigoroso processo de seleção, formação e avaliação, que inclui testes teóricos, práticos e psicológicos. Eles também devem realizar treinamentos periódicos em simuladores e em voos reais, para manter suas habilidades e atualizar seus conhecimentos. Além disso, eles devem seguir as normas de saúde e segurança, como limites de horas de voo, descanso adequado e controle de álcool e drogas.
  • Manutenção adequada de aeronaves: as aeronaves devem passar por inspeções regulares e preventivas, que verificam o estado dos componentes mecânicos, elétricos e eletrônicos. As peças defeituosas devem ser substituídas ou reparadas conforme as especificações dos fabricantes. Os registros de manutenção devem ser mantidos e auditados para garantir a conformidade com os padrões de qualidade.
  • Regulamentação e fiscalização: as atividades da aviação civil devem seguir as normas e regulamentos estabelecidos pelas autoridades nacionais e internacionais, como a ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) no Brasil e a ICAO (Organização da Aviação Civil Internacional) no mundo. Essas normas abrangem aspectos como licenciamento, certificação, operação, segurança, meio ambiente e investigação de acidentes. As autoridades também devem fiscalizar o cumprimento das normas e aplicar sanções em caso de infrações.
  • Investigação e prevenção de acidentes: em caso de acidentes aéreos, devem ser realizadas investigações técnicas independentes, que buscam identificar as causas e as circunstâncias dos acidentes, sem atribuir culpa ou responsabilidade. O objetivo dessas investigações é obter informações que possam contribuir para a prevenção de acidentes futuros. As investigações devem ser conduzidas por órgãos especializados, como o CENIPA no Brasil e o NTSB (National Transportation Safety Board) nos Estados Unidos. Os resultados das investigações devem ser divulgados publicamente e gerar recomendações de segurança para os envolvidos na aviação civil.

O que podemos aprender com os acidentes aéreos?

A aviação é um dos maiores feitos da humanidade, mas também um dos mais desafiadores. Voar pelo céu requer conhecimento, habilidade e responsabilidade, mas também envolve riscos e incertezas. Os acidentes aéreos são eventos raros, mas quando acontecem, causam grande impacto na sociedade e na história.

Neste artigo, exploramos a história, as causas e as medidas de prevenção dos acidentes aéreos. Vimos que os acidentes aéreos podem ser causados por fatores humanos, técnicos ou ambientais, e que muitas vezes envolvem uma combinação desses fatores. Vimos também que os acidentes aéreos podem ter consequências fatais ou surpreendentes, dependendo das circunstâncias e das ações dos envolvidos. Por fim, vimos que a prevenção de acidentes aéreos é um objetivo comum da indústria da aviação e das autoridades competentes, que buscam garantir a segurança da aviação por meio de tecnologias avançadas de segurança, treinamento de pilotos, manutenção adequada de aeronaves, regulamentação e fiscalização, e investigação e prevenção de acidentes.

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