Segurança Cibernética: O que está por trás do Acordo de Paris?

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A segurança cibernética é um dos maiores desafios do século XXI, diante do aumento das ameaças e dos ataques que podem afetar a privacidade, a segurança e a estabilidade de indivíduos, organizações e países.

Para enfrentar esse desafio, é preciso uma cooperação internacional que envolva não só os governos, mas também os setores privado, acadêmico e da sociedade civil.

Nesse sentido, surgiu o Acordo de Paris sobre Segurança Cibernética, uma iniciativa inédita que visa promover os princípios e as boas práticas para proteger o ciberespaço.

Como surgiu o Acordo de Paris sobre Segurança Cibernética?

O Acordo de Paris sobre Segurança Cibernética foi lançado em novembro de 2018 pelo presidente francês Emmanuel Macron, durante o Fórum da Paz de Paris, que reuniu líderes mundiais para celebrar os 100 anos do fim da Primeira Guerra Mundial. O acordo foi inspirado no Acordo de Paris sobre o Clima, que foi assinado em 2015 por quase 200 países para combater as mudanças climáticas.

O objetivo do acordo é criar um movimento global para defender os valores fundamentais da internet, como a liberdade, a igualdade, a fraternidade e a democracia. O acordo também busca estimular a cooperação entre os diferentes atores e setores para prevenir e responder aos ataques cibernéticos, bem como para promover o desenvolvimento e a inovação no ciberespaço.

Quem assinou o Acordo de Paris sobre Segurança Cibernética?

O Acordo de Paris sobre Segurança Cibernética é um documento não vinculante, ou seja, que não tem força legal nem obriga os seus signatários a cumprir as suas disposições. No entanto, ele representa um compromisso moral e político dos seus participantes em aderir aos seus princípios e recomendações.

Até o momento, mais de 80 países já assinaram o acordo, incluindo França, Alemanha, Reino Unido, Japão, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, México, Chile, Argentina e Uruguai. No entanto, alguns dos principais atores do ciberespaço não aderiram ao acordo, como Estados Unidos, China, Rússia, Índia e Irã.

Além dos países, mais de 600 organizações também assinaram o acordo, entre elas empresas de tecnologia como Microsoft, Google, Facebook, IBM e Cisco; instituições de ensino como Harvard, Stanford e MIT; organizações não governamentais como Anistia Internacional, Human Rights Watch e Reporters Without Borders; e organizações internacionais como União Europeia, OTAN e ONU.

Quais são os princípios e as recomendações do Acordo de Paris sobre Segurança Cibernética?

O Acordo de Paris sobre Segurança Cibernética contém nove princípios e 14 recomendações para orientar as ações dos seus signatários em relação à segurança cibernética. Os princípios são:

  • Proteger os indivíduos e as infraestruturas essenciais contra ataques cibernéticos;
  • Prevenir atividades maliciosas online que ameacem a paz e a segurança internacionais;
  • Respeitar os direitos humanos e as liberdades fundamentais no ciberespaço;
  • Apoiar a capacitação dos atores públicos e privados em segurança cibernética;
  • Promover a cooperação multissetorial entre os diferentes atores do ciberespaço;
  • Estimular a inovação aberta e confiável no desenvolvimento das tecnologias digitais;
  • Fortalecer as normas internacionais aplicáveis ao ciberespaço;
  • Melhorar a atribuição dos ataques cibernéticos e a responsabilização dos seus autores;
  • Favorecer a adoção de medidas preventivas e reativas contra os ataques cibernéticos.

As recomendações são:

  • Criar um fórum multissetorial para discutir e coordenar as questões de segurança cibernética;
  • Desenvolver e implementar medidas de construção de confiança entre os atores do ciberespaço;
  • Aplicar o direito internacional e as normas de comportamento responsável dos Estados no ciberespaço;
  • Estabelecer mecanismos de prevenção, mediação e resolução de conflitos no ciberespaço;
  • Apoiar as iniciativas regionais e internacionais de segurança cibernética;
  • Reforçar a cooperação entre os órgãos de aplicação da lei e o setor privado para combater a cibercriminalidade;
  • Promover a educação e a conscientização sobre os riscos e as oportunidades do ciberespaço;
  • Aumentar a resiliência das infraestruturas críticas e dos serviços essenciais contra os ataques cibernéticos;
  • Proteger a integridade, a autenticidade e a confidencialidade dos dados pessoais no ciberespaço;
  • Garantir a acessibilidade, a diversidade e a neutralidade da internet;
  • Fomentar a pesquisa e o desenvolvimento em segurança cibernética e em tecnologias emergentes;
  • Adotar padrões de qualidade, segurança e interoperabilidade para os produtos e serviços digitais;
  • Combater a disseminação de conteúdos ilícitos, falsos ou prejudiciais no ciberespaço;
  • Impedir o uso de tecnologias digitais para fins terroristas ou violentos.

Qual é o papel do Brasil no Acordo de Paris sobre Segurança Cibernética?

O Brasil é um dos países que assinaram o Acordo de Paris sobre Segurança Cibernética, demonstrando o seu compromisso com a promoção da paz, da cooperação e do desenvolvimento no ciberespaço.

O Brasil tem uma posição relevante no cenário internacional da segurança cibernética, sendo um dos maiores usuários da internet no mundo, com mais de 150 milhões de internautas, e um dos principais produtores de conteúdo digital na América Latina.

O Brasil também tem uma experiência pioneira na regulação do ciberespaço, tendo aprovado em 2014 o Marco Civil da Internet, uma lei que estabelece os princípios, os direitos e os deveres dos usuários, dos provedores e do Estado na internet. Além disso, o Brasil também tem uma legislação específica sobre a proteção dos dados pessoais, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que entrou em vigor em 2020.

No entanto, o Brasil ainda enfrenta desafios para garantir a segurança cibernética no país, como a falta de recursos humanos e financeiros, a baixa conscientização da população e das organizações sobre os riscos cibernéticos, a ausência de uma estratégia nacional de segurança cibernética e a dependência de tecnologias estrangeiras. Por isso, é importante que o Brasil acompanhe as iniciativas do Acordo de Paris sobre Segurança Cibernética e busque implementar as medidas necessárias para proteger os seus dados e os seus interesses no ciberespaço.

Uma possível seção para mostrar ao leitor que o Acordo de Paris sobre Segurança Cibernética tem seus entraves, falhas e jogos de interesses é a seguinte:

Críticas ao Acordo de Paris sobre Segurança Cibernética

O Acordo de Paris sobre Segurança Cibernética, apesar de ser uma iniciativa louvável para promover a cooperação e a proteção do ciberespaço, também enfrenta diversos desafios e limitações para a sua efetiva implementação e impacto. Algumas das principais críticas ao acordo são:

Portanto, o Acordo de Paris sobre Segurança Cibernética é um passo importante, mas não suficiente, para garantir um ciberespaço mais seguro, aberto e estável. É preciso que os seus signatários demonstrem na prática o seu compromisso com os princípios e as recomendações do acordo, bem como que os demais atores do ciberespaço se engajem em um processo de negociação multilateral que aborde os desafios e as oportunidades que o ciberespaço oferece para a cooperação internacional e a proteção dos direitos e valores fundamentais.

As ilusões e contradições do Acordo 

O Acordo de Paris sobre Segurança Cibernética, apesar de ser apresentado como uma iniciativa pioneira e inovadora para promover a cooperação e a proteção do ciberespaço, na verdade é um documento frágil e ineficaz, que não aborda as questões mais relevantes e urgentes que envolvem a segurança cibernética. O acordo é não vinculante, ou seja, não tem força legal nem obriga os seus signatários a cumprir as suas disposições. O acordo não conta com a adesão de alguns dos principais atores do ciberespaço, como Estados Unidos, China, Rússia, Índia e Irã, que têm interesses estratégicos e políticos divergentes em relação ao ciberespaço. O acordo não aborda questões sensíveis que envolvem a segurança cibernética, como a soberania nacional, a espionagem, a guerra cibernética, o terrorismo, a cibercriminalidade, a desinformação, a proteção de dados pessoais e a regulamentação das plataformas digitais.

Portanto, o Acordo de Paris sobre Segurança Cibernética é um passo insuficiente e inócuo para garantir um ciberespaço mais seguro, aberto e estável. É preciso que os países e as organizações que se preocupam com a segurança cibernética se engajem em um processo de negociação multilateral que aborde os desafios e as oportunidades que o ciberespaço oferece para a cooperação internacional e a proteção dos direitos e valores fundamentais. É preciso também que os cidadãos e os usuários da internet se conscientizem dos riscos e das responsabilidades que envolvem o uso das tecnologias digitais, e que exijam dos seus governos e das empresas de tecnologia mais transparência, accountability e respeito no ciberespaço.

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By IDFM

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STF julga futuro da internet no Brasil: Comitê Gestor da Internet alerta contra a censura

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A regulação das plataformas digitais tem sido um tema cada vez mais debatido em todo o mundo, e o Brasil não está isento desse debate.

O STF marcou para a próxima semana (17.05.23) o julgamento de ações que podem definir o futuro da internet e as regras definidas no marco civil da internet (lei 12.965/14).
Nos últimos dias, a discussão se intensificou com a divulgação de uma nota pública do Comitê Gestor da Internet, que alertou o Supremo Tribunal Federal a não modificar o Marco Civil da Internet e declarou apoio ao projeto de lei 2630/20, conhecido como PL das Fake News.
O ponto central dessa discussão é o artigo 19 da Lei 12.965/14, que estabelece que os provedores de aplicação não podem ser responsabilizados pelo conteúdo gerado por terceiros. O comitê gestor, assim como outras entidades e especialistas, argumenta que essa norma é fundamental para garantir a liberdade de expressão na Internet e evitar a censura prévia.
A liberdade de expressão é um dos pilares da democracia e uma das principais garantias individuais previstas na Constituição brasileira.
Infelizmente, há uma crescente pressão por parte de grupos políticos e sociais para restringir essa liberdade em nome de supostas preocupações com a disseminação de informações falsas e ofensivas.
É preciso ter cuidado para não cair na armadilha da censura em nome da proteção da verdade.
Em países, como a Cuba, Venezuela, China, Nicarágua e a Coreia do Norte, a censura é uma prática comum, e a liberdade de expressão é amplamente reprimida em nome da estabilidade política e social. Isso é uma clara violação dos direitos humanos e uma ameaça à democracia.
Embora a disseminação de informações falsas possa ser prejudicial em certos casos, é importante lembrar que a censura não é a solução.
Já se tentou recentemente a aprovação do PL das Fake News, também chamada de PL da censura, projeto que muitas das medidas propostas podem ter efeitos colaterais indesejados, como a restrição da liberdade de expressão e a ampliação do poder do Estado para monitorar e controlar a internet.
Além disso, é improvável que essas medidas proposta no PL sejam eficazes na prevenção da disseminação de informações falsas, já que muitas vezes é difícil determinar o que é verdade e o que é mentira em meio a um mar de informações contraditórias.
O que está em jogo é muito mais que notícias falsas, o que está em jogo é o controle do estado, é a liberdade de expressão, o que está em jogo é o seu direito fundamental que deve ser protegido a todo custo.
Qualquer tentativa de restringir a liberdade de expressão em nome da proteção da verdade é uma ameaça à democracia e aos direitos humanos.
“… não se pode permitir a volta de censura sob qualquer argumento no Brasil
Tentaram uma vez e vão tentar novamente.
E agora a batalha será no campo que já sabemos como funciona, estamos afundados até o pescoço de lama. é nele que corremos um sério risco de mais uma vez, uma situação excepcionalíssima, os direitos fundamentais assegurado pela constituição sejam deixados de lado, “só desta vez”.
Apesar da lama no pescoço, ainda estamos respirando e acredito que “Eles vão perder. Não sei se amanhã ou semana que vem, mas perderão.”
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