Não é piada, inventaram a Computação de Neblina
Postado Por Carlos Cardoso em 05 05 2016 em Indústria, Propaganda & Marketing
Na excelente e deprimente (é real demais) série Silicon Valley o protagonista foi demitido da posição de CEO da empresa que fundou. O sucessor é um coroa que teria negociado bilhões em outras empresas, mas não era técnico. Quando Richard, o fundador percebeu a empresa que começou com um algoritmo de compressão estava agora vendendo espaço de armazenamento em servidores de datacentres.
A justificativa é que a equipe de vendas funciona melhor com produtos simples, que conseguem entender. É surreal, não faz sentido mas é verdadeiro. Boa parte da “inovação” atual é movida pelo marketing, conceitos antigos são rebatizados e todo mundo que não entende embarca no Trem do Hype.
O problema é que assim como os jogos o Mercado é voraz, quando inventaram aquela bobagem de Web 2.0 (pergunte para seus pais) não deu seis meses nego já estava anunciando seminário de quebra de paradigma e intervenção sinergética com apresentação da Web 3.0. Parece anúncio de MP3 no Mercado Livre, quando os vendedores retardados perceberam que os clientes retardados achavam que MPx era indicador de funcionalidades então anunciaram MP4, MP5, MP6, MP7, MP8… MP13 e por aí vai.
Alan Turing reconheceria a tal Computação Na Nuvem, e acharia graça pois pra ele o conceito de chama Cliente/Servidor. Qualquer um que mexeu com mainframes nos últimos 50 anos balança a cabeça diante da genial e revolucionária idéia de executar aplicativos remotamente e acessar via terminais, mas o Marketing é Rei, Nuvem vende, Client/Server é coisa de velho.
Só que a Nuvem já saturou. Precisamos de um novo e revolucionário conceito e esse é… Computação de Neblina.
Existe até um consórcio, o OpenFog Consortium, formado por Cisco, Microsoft, ARM, Dell e Intel, entre outros. O conceito revolucionário? Nuvem é ruim, os usuários e a Internet das Coisas demandam agilidade. Servidores gigantes monolíticos são vulneráveis, a nuvem distante no céu não cobre o usuário como a neblina, ao alcance da mão.
Na Computação de Neblina seus servidores são seus, não parte de um DataCentre compartilhado. E eles estão próximos, às vezes dentro da sua empresa e nas filiais, com dispersão geográfica para agilizar o tempo de resposta.
Sim, os marketeiros reinventaram a boa e velha computação distribuída. Agora as empresas vão investir em servidores locais, com a promessa de mais redundância e agilidade. Não duvido que empresas de nuvem comecem a vender consultoria para a genial idéia de implantar servidores dentro das empresas, trazendo a nuvem até você. Taí, gostei do slogan.
Entusiasta de tecnologia, tiete de Sagan e Clarke, micreiro, hobbysta de eletrônica pré-pic, analista de sistemas e contínuo high-tech. Cardoso escreve sobre informática desde antes da Internet, tendo publicado mais de 10 livros cobrindo de PDAs e Flash até Linux. Divide seu tempo entre escrever para o MeioBIt e promover seus últimos best-sellers O Buraco da Beatriz e Calcinhas no Espaço.
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