Medicamentos para Dormir Aumentam Risco de Demência

Medicamentos Populares no Brasil que Aumentam o Risco de Alzheimer e Outras Demências Um Alerta para a Saúde Pública

A saúde pública brasileira enfrenta um novo desafio: a relação entre medicamentos populares para dormir e o aumento do risco de demência, Alzheimer e outras formas de demência. Um estudo recente da Universidade da Califórnia, publicado em 2023, revelou que o uso frequente de medicamentos como zolpidem, clonazepam e diazepam pode aumentar significativamente o risco de desenvolver essas condições neurodegenerativas.

Este artigo explora alguns detalhes dessa pesquisa, os impactos na saúde pública e as alternativas recomendadas para minimizar os riscos.

O Estudo e Seus Resultados

A pesquisa, publicada no Journal of Alzheimer’s Disease em 2023, analisou cerca de três mil idosos sem demência ao longo de nove anos. Os participantes, com idades variadas e de diferentes etnias, foram monitorados para avaliar o impacto do uso de medicamentos para dormir na incidência de demência. Os resultados foram alarmantes: idosos que usavam frequentemente zolpidem, clonazepam e diazepam apresentaram um risco 79% maior de desenvolver demência.

Os pesquisadores destacaram que a incidência de demência foi significativamente maior entre os idosos brancos que faziam uso regular desses medicamentos, em comparação com os idosos negros, que tendem a depender menos desses remédios. Essa disparidade sugere que o consumo elevado de medicamentos para dormir é um fator de risco crucial para o desenvolvimento de demência.

Como os Medicamentos Contribuem para o Risco

  1. Zolpidem: Este medicamento é um hipnótico não-benzodiazepínico que atua nos receptores GABA no cérebro, promovendo a sedação. No entanto, o uso prolongado pode levar a alterações na estrutura do sono e na função cognitiva, aumentando o risco de demência.
  2. Clonazepam: Pertencente à classe dos benzodiazepínicos, o clonazepam age aumentando a atividade do neurotransmissor GABA, que tem efeito calmante no cérebro. O uso contínuo pode causar dependência e alterações cognitivas, contribuindo para o risco de demência.
  3. Diazepam: Também um benzodiazepínico, o diazepam é utilizado para tratar ansiedade e insônia. Ele atua de forma semelhante ao clonazepam, aumentando a atividade do GABA. O uso prolongado pode levar a déficits cognitivos e aumento do risco de demência.

Uso por Jovens e Outros Propósitos

Além de serem usados para tratar insônia, esses medicamentos são frequentemente prescritos para jovens que sofrem de ansiedade, distúrbios do pânico e espasmos musculares. O uso recreativo também tem sido observado, especialmente entre jovens adultos, devido aos seus efeitos sedativos e ansiolíticos.

Estima-se que uma parcela significativa dos jovens que utilizam esses medicamentos para fins não relacionados ao sono pode continuar a usá-los ao longo da vida, aumentando o risco de desenvolver demência na velhice.

Dados indicam que cerca de 15% dos jovens adultos entre 18 e 25 anos já usaram benzodiazepínicos como clonazepam e diazepam para tratar ansiedade ou de forma recreativa. Com o envelhecimento dessa população, o número de idosos em risco de demência devido ao uso prolongado desses medicamentos pode ser substancial.

Impacto na Saúde Pública Brasileira

No Brasil, a insônia afeta milhões de pessoas, levando muitos a recorrerem a medicamentos para dormir. Segundo dados da Associação Brasileira do Sono, cerca de 73 milhões de brasileiros sofrem de insônia, e uma parcela significativa dessa população utiliza medicamentos como zolpidem, clonazepam e diazepam para conseguir dormir.

Estima-se que aproximadamente 10% da população brasileira que sofre de insônia utiliza medicamentos prescritos para dormir, o que representa cerca de 7,3 milhões de pessoas.

A descoberta de que esses medicamentos podem aumentar o risco de demência é preocupante, especialmente considerando o envelhecimento da população brasileira. Estima-se que, até 2050, o número de idosos no Brasil dobrará, chegando a 66,5 milhões. Com o aumento da expectativa de vida, a prevalência de doenças neurodegenerativas, como a demência, também tende a crescer.

Alternativas e Recomendações

Diante desses riscos, os especialistas recomendam cautela no uso de medicamentos para dormir. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma alternativa eficaz para tratar a insônia sem os riscos associados aos medicamentos. A TCC ajuda os pacientes a identificar e modificar pensamentos e comportamentos que afetam o sono, promovendo uma melhora significativa na qualidade do sono.

Além disso, a melatonina, um hormônio natural que regula o ciclo do sono, é uma opção mais segura para aqueles que precisam de ajuda para dormir. A melatonina tem menos efeitos colaterais e não está associada ao aumento do risco de demência.

Conclusão

A relação entre medicamentos para dormir e o aumento do risco de demência é um alerta importante para a saúde pública.

É crucial que os profissionais de saúde e os pacientes estejam cientes dos riscos associados ao uso prolongado de zolpidem, clonazepam e diazepam. A busca por alternativas seguras e eficazes, como a terapia cognitivo-comportamental e a melatonina, deve ser incentivada para minimizar os riscos à saúde cognitiva dos brasileiros.

A conscientização sobre os riscos desses medicamentos e a promoção de alternativas seguras são passos essenciais para proteger a saúde mental da população. Com a informação adequada e o apoio dos profissionais de saúde, é possível prevenir a demência e garantir uma melhor qualidade de vida para todos.

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