Como o cofundador da maior rede social do planeta acumulou uma fortuna de mais de 100 bilhões de reais e quais são os seus investimentos, projetos e impactos no Brasil e no mundo.
Eduardo Luiz Saverin, 41 anos, é um dos cinco cofundadores do Facebook, juntamente com Mark Zuckerberg, Dustin Moskovitz, Chris Hughes e Andrew McCollum. Em julho de 2021, ele se tornou o brasileiro mais rico do mundo, segundo o ranking de bilionários da revista Forbes, com uma fortuna estimada em US$ 19,5 bilhões (mais de R$ 100 bilhões). Ele ultrapassou Jorge Paulo Lemann, sócio da AB Inbev e do 3G Capital, que ocupava o primeiro lugar desde 2013.
Mas quem é Eduardo Saverin e como ele chegou a esse patamar de riqueza e influência?
Neste artigo, vamos contar a sua trajetória, desde a sua origem em São Paulo até a sua mudança para Singapura, passando pela sua participação na criação do Facebook e pela sua atuação como investidor-anjo em diversas startups de tecnologia. Também vamos explorar o que ele tem, onde tem e destacar o que ele tem no Brasil, considerando os aspectos sociais, culturais, econômicos e políticos.
Um paulistano que se mudou para os Estados Unidos
Eduardo Saverin nasceu em São Paulo, em 19 de março de 1982, filho de uma rica família judia brasileira. Seu avô, Eugênio Saverin, era um imigrante judeu-romeno que fundou a Tip Top, marca de roupas infantis. Seu pai, Roberto Saverin, era um industrial que trabalhava com exportação, vestuário, transporte e imobiliário.
Em 1993, quando Eduardo tinha 11 anos, a família Saverin decidiu se mudar para os Estados Unidos, buscando fugir da crise política e econômica que assolava o Brasil na época do governo Collor. Eles se estabeleceram em Miami, na Flórida, onde Eduardo se adaptou rapidamente à nova realidade e se formou com honras na Gulliver Preparatory School em 2000, aos 13 anos, ele já investia na Bolsa de Valores.
Com seu excelente desempenho acadêmico, Saverin conseguiu uma vaga na prestigiada Universidade Harvard, onde cursou economia. Lá, ele demonstrou uma grande habilidade para operar no mercado financeiro e realizou diversas operações lucrativas com outros estudantes do campus. Em uma delas, ele ganhou 300 mil dólares apostando em ativos no setor de petróleo. Por sua competência nessa área, ele recebeu uma distinção acadêmica da universidade onde também se tornou presidente da Harvard Investment Association, um clube de estudantes interessados em investimentos.
A criação do Facebook e a saída polêmica de Eduardo Saverin
Foi também em Harvard que Eduardo conheceu Mark Zuckerberg, um estudante de ciência da computação que tinha uma ideia para conectar os alunos da universidade por meio de um site chamado thefacebook.com. Zuckerberg convidou Eduardo para ser seu sócio e cuidar da parte financeira do projeto. Eduardo aceitou e investiu mil dólares iniciais para comprar os servidores necessários para hospedar o site.
O Facebook foi lançado em fevereiro de 2004 e logo se tornou um sucesso entre os estudantes de Harvard e de outras universidades americanas. Eduardo era responsável por gerenciar os anúncios que geravam receita para o site e por negociar com potenciais investidores.
No entanto, a parceria entre Eduardo e Mark começou a se desgastar quando Mark decidiu se mudar para o Vale do Silício, na Califórnia, para expandir o Facebook. Eduardo preferiu ficar em Nova York para terminar seus estudos e procurar novos anunciantes. Além disso, Mark contratou Sean Parker, um experiente empreendedor da internet que havia fundado o Napster e o Plaxo, para ser o presidente do Facebook. Parker passou a ter mais influência sobre Mark do que Eduardo.
A situação piorou quando Mark criou uma nova empresa chamada Facebook Inc., sem o conhecimento de Eduardo, e transferiu os ativos do thefacebook.com para ela. Mark também diluiu a participação de Eduardo no Facebook de 30% para menos de 10%, alegando que ele não estava contribuindo o suficiente para o crescimento do site.
Eduardo se sentiu traído e processou Mark por fraude e quebra de contrato. O caso foi parar na Justiça e foi retratado no filme “A Rede Social”, de 2010, em que Eduardo foi interpretado pelo ator Andrew Garfield. O processo foi encerrado em 2009, com um acordo sigiloso que garantiu a Eduardo uma participação de cerca de 5% no Facebook e o reconhecimento como um dos cofundadores da empresa.
Um investidor-anjo em Singapura
Após o acordo com Mark, Eduardo se afastou do Facebook e se dedicou a outros projetos. Ele se mudou para Singapura em 2009, atraído pelo clima tropical, pela segurança, pela diversidade cultural e pelas oportunidades de negócios na Ásia. Ele também renunciou à sua cidadania americana em 2012, antes da abertura de capital do Facebook na Bolsa de Valores, evitando assim pagar impostos sobre os ganhos com as ações da empresa.
Eduardo se tornou um investidor-anjo, ou seja, um investidor que aplica recursos próprios em startups em estágio inicial, em troca de uma participação acionária. Ele investiu em mais de 50 empresas de tecnologia em diversos setores, como e-commerce, saúde, educação, logística, finanças e mídia.
Algumas das empresas que receberam seu apoio são:
- Qwiki, uma plataforma de criação de vídeos;
- Jumio, uma empresa de verificação de identidade online;
- Silvercar, uma empresa de aluguel de carros;
- Redmart, uma empresa de entrega de produtos de supermercado;
- 99.co, uma plataforma imobiliária; e
- Hopscotch, uma loja online de produtos infantis.
Em 2016, Eduardo lançou o seu próprio fundo de investimento, chamado B Capital Group, em parceria com o Boston Consulting Group e o investidor Raj Ganguly. O fundo tem foco em empresas de tecnologia em estágio avançado, que já tenham um produto validado pelo mercado e que busquem expandir suas operações globalmente.
O fundo já levantou mais de US$ 800 milhões e investiu em mais de 30 empresas, como:
- Ninja Van, uma empresa de logística na Ásia;
- Icertis, uma empresa de gestão de contratos na nuvem;
- Atomwise, uma empresa de inteligência artificial para descoberta de medicamentos; e
- Carro, uma plataforma online de compra e venda de carros usados.
Um bilionário discreto e filantropo
Apesar da sua fortuna e da sua participação na criação do Facebook, Eduardo é uma pessoa discreta e reservada. Ele evita dar entrevistas e aparecer em eventos públicos. Ele mantém um perfil no Facebook, mas raramente publica algo. Ele também não usa outras redes sociais, como Instagram ou Twitter.
Eduardo é casado desde 2015 com Elaine Andriejanssen, uma chinesa-indonésia que conheceu em Singapura. Eles têm um filho chamado Augusto Saverin Andriejanssen, nascido em 2017. Eles moram em um luxuoso apartamento no Orchard Road, uma das áreas mais nobres da cidade-estado asiática.
Eduardo também é conhecido por suas ações filantrópicas. Ele já doou milhões de dólares para instituições como a Fundação Bill & Melinda Gates, a Fundação Giving Pledge (criada por Bill Gates e Warren Buffett para incentivar os bilionários a doarem parte de suas fortunas para causas sociais), a Universidade Harvard e o Hospital Mount Sinai.
Um brasileiro que impacta o mundo
Eduardo Saverin é um brasileiro que impacta o mundo com o seu talento para os negócios, a sua visão para a tecnologia e a sua generosidade para a sociedade. Ele é um exemplo de como um jovem empreendedor pode transformar uma ideia em uma empresa bilionária e como um investidor pode apoiar outras ideias inovadoras que podem mudar o mundo.
Mas o que Eduardo tem no Brasil?
Apesar de ter deixado o país há quase 30 anos e ter renunciado à sua cidadania brasileira, Eduardo Saverin ainda mantém laços com o Brasil. Ele investe em algumas startups brasileiras, como:
- Nubank, uma fintech que oferece serviços bancários digitais;
- QuintoAndar, uma plataforma online de aluguel de imóveis; e
- CargoX, uma empresa de transporte de cargas.
Eduardo também apoia iniciativas sociais e educacionais no Brasil, como:
- Fundação Estudar, uma organização que concede bolsas de estudo e mentoria para jovens talentos brasileiros;
- Fundação Lemann, uma organização que promove a melhoria da educação pública no Brasil; e
- Endeavor, uma organização que fomenta o empreendedorismo e a inovação no Brasil.