Sou de Olinda, vivi a transformação do Carnaval de Olinda e convivi com as pessoas de tradicionais blocos como as Virgens de Bairro Novo, Galo da Madrugada e o Bacalhau do Batata.
Resolvi “tentar” fazer uma analogia da transformação do Carnaval de rua de Olinda com o “surgimento” do Carnaval de São Paulo.
Tenho acompanhado nos últimos 5 anos o que vem acontecendo com o carnaval em São Paulo.
Fazendo analogia com o que aconteceu a mais de 40 anos atrás, quando o Carnaval de Olinda se transformou de poucas manifestações de blocos tradicionais em uma invasão de “visitantes” que permanecem durante os quatro dias na cidade e que em menos de 5 anos passou a ser o maior carnaval de rua do Brasil.
Tudo começou quando a prefeitura, provavelmente sem verba, incentivou os blocos tradicionais para desfilar livres pela cidade histórica, sem regras, sem passarelas ou disputas de campeão. Se não falha a memória, com o slogan de “Carnaval Participação”, convocava a população para a decoração da cidade e participação.
A Cidade passou a ser um único “salão” de baile de carnaval, sem corda de isolamento, todos estavam juntos, formando o bloco. Em paralelo, entre um bloco e outro, os foliões voluntariamente acabavam organizando seus próprios blocos e passaram a fazer seu próprio carnaval sem patrocino oficial e sem depender dos blocos tradicionais para fazer a festa. O “baile” passou a ser 24 horas por dia em toda cidade histórica.
Rapidamente, sem tomar conta do que estava acontecendo, em menos de 5 ano, Olinda deixou de ter carnaval que dependia da prefeitura para acontecer é a cada ano mais adeptos invadem a cidade.
Hoje o carnaval de Olinda é como um organismos que tem vida própria. Não da para explicar, Só sabe como é quem experimentou.
Com esta mesma velocidade a transformação está acontecendo aqui em São Paulo, é inegável que ele será rapidamente o maior carnaval do País.
A diversidade cultural, a exemplo do que acontece em Olinda e fez ser um carnaval diferente, é algo que em São Paulo é comum também.
Resta saber se os blocos, “não oficiais”, voluntários surgirão para dominar o espaço público para o carnaval passar a ter vida própria.
Como no início do Carnaval de Olinda, os ambientes dos blocos são tranquilos, “família”, sem exageros, o que tem feito ter mais adeptos, a cada ano, ao carnaval de rua de São Paulo.
A principal diferença é o espaço físico, enquanto Olinda tem o romantismo dos sobrados e dos espaços apertados das ruas da cidade histórica, em São Paulo os espaços são amplos, aberto e com mobilidade urbana que atende. Carnaval num área aberta como no parque do Ibiraquera não tem como não ser legal, né mesmo?
Enquanto em Olinda os Blocos transitam sem rumo e sem direção, subindo e descendo ladeiras, onde quem comanda o trajeto no final das contas é o folião, em São Paulo os blocos mal sem do conto, trajetos curtos, espaços isolados e com muitas regras, regras que até cancelam de última hora os blocos e até mesmo locais que o carnaval termina antes do dia para terminar. Talvez estas regras impeçam o surgimento de Blocos Voluntários Não Oficial. Mas também é convir que são estas regras que dar um clima mais seguro para as multidões que costumam ter.
Com vários pontos de animação em São Paulo, torna-se convidativo para a população, o risco de “super lotação” hoje é afastado com esta descentralização, tornando os ambientes mais leves. Com exceção o dia que cancelaram o carnaval no Largo da Batata, o Ibirapuera esteve cheio mas tranquilo.
Enquanto em Olinda a animação fica concentrada no ritmos do Frevo e maracatu, em Sampa são varias Correntes, desde Alceu Valença e Elba Ramalho, passando pelos os Beatles, Michel Teló, o Funk dos Pancadões até os eletrônicos das Raves.
Tem espaço para tudo e para todos!
Mas algo que ainda precisa ser aprendido é o compromisso com os foliões, muitos deles turistas que fizeram a opção de investir em São Paulo para se divertir.
Distribuição dos banheiros químicos tem que ser visto urgentemente por quem participa (usa) do carnaval, não por burocratas sem experiência neste tipo de manifestação popular. Não adianta ter muitos, sem qualidade e concentrados.
Cancelamentos de Blocos na Faria Lima, Berrini e o encerramento antecipado do Carnaval no largo da Batata são alguns dos exemplos que tive conhecimento… imagino que tenha acontecido muito outros.
Isso é uma sacanagem com os turistas.
O Abastecimento de Bebidas do patrocinador não teve falha, não tinha outro, guardadas as proporções, tinha a maior densidade de ambulantes credenciados por m2 do que se tem de camelô na 25 de março. 😂😂😂
Mas também deve ter sido frustrante para quem fez a opção de vender as bebidas. Não houve o livre comercio, o preço tabelado, sem concorrência, restringiu a livre concorrência entre os vendedores, mesmo sendo produto único não tinha qualquer barganha.
Em São Paulo plano de negócio vira um Bloco, em Olinda a manifestação voluntária popular vira bloco que depois, quem sabe, pode virar um negócio. Essa é a grande diferença de como começou aqui em Sampa e lá em Olinda. Em Sampa carnaval de rua é Business, em Olinda é voluntariado.
A 15 anos atrás quando cheguei em São Paulo eu imaginei que um dia a 23 de maio sendo tomada pelo desfile do Galo da Madrugada.
Atualmente, na semana pre-carnavalesca, o Bicho Maluco Beleza abriu a trincheira e já tomou posse do Ibiraquera, quem sabe, nessa velocidade e dimensão que o carnaval de São Paulo tá tomando, veremos o Galo invadindo São Paulo, tomando a 23 de maio e um Bacalhau fechando a quarta-feira de cinzas no mercadão?
Mas carnaval é isso, cada cidade tem suas características, cada ano é um ano, lições são aprendidas e são ajustados.
Enfim! São Paulo ainda vai dominar o carnaval do Brasil!
By IDFM
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