O dia em que o Brasil foi atingido por um tsunami e como isso pode se repetir a qualquer momento

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Tsunamis são ondas gigantescas que se formam no oceano, geralmente provocadas por terremotos, vulcões, deslizamentos ou meteoritos. 

Eles podem viajar a grandes velocidades e atingir a costa com uma força devastadora, causando inundações, destruição, erosão e morte. Tsunamis são fenômenos raros, mas extremamente perigosos.

O Brasil tem uma extensa costa de mais de 7 mil quilômetros, banhada pelo Oceano Atlântico. Essa costa abriga cerca de 60% da população brasileira, além de importantes cidades, portos, indústrias, turismo e biodiversidade. Um tsunami que atingisse o litoral brasileiro poderia causar um enorme impacto social, econômico e ambiental.

Mas será que isso já aconteceu ou poderá acontecer no Brasil? Essa é a questão central deste artigo, que vai explorar a história dos tsunamis no Brasil, analisar as possibilidades de um tsunami no futuro e simular o impacto de um tsunami no presente. 

O artigo vai usar como base o caso do tsunami de 1755, causado pelo terremoto de Lisboa, que afetou a costa do Nordeste brasileiro. Ele também vai apresentar dados históricos, científicos e geográficos sobre esse fenômeno raro e suas consequências. Vai discutir as controvérsias e as incertezas sobre o tema, mostrando diferentes pontos de vista e fontes de informação. O objetivo do artigo é informar e conscientizar o leitor sobre os riscos e os desafios de um possível tsunami no Brasil.

O maior desastre natural da História do Brasil

No dia 1º de novembro de 1755, um sábado de Todos os Santos, um forte terremoto sacudiu a cidade de Lisboa, em Portugal. O terremoto foi seguido por um incêndio e por um tsunami, que arrasaram a capital portuguesa e mataram cerca de 100 mil pessoas. Foi um dos maiores desastres naturais da história da Europa.

Mas o que pouca gente sabe é que esse mesmo tsunami também atingiu a costa do Brasil, na época uma colônia de Portugal. Segundo um estudo da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), o tsunami gerado pelo terremoto de Lisboa chegou ao litoral brasileiro cerca de quatro horas depois do abalo sísmico. As ondas tinham entre dois e três metros de altura e percorreram mais de 3 mil quilômetros pelo Oceano Atlântico.

As cidades mais afetadas foram Recife, Olinda, Salvador, São Luís e Fortaleza. Mas houve danos também em outras localidades menores, como Porto Seguro, Ilhéus, Itamaracá e Ceará-Mirim. Alguns dos efeitos do tsunami foram a inundação de ruas e casas, a destruição de embarcações e portos, a erosão das praias e a morte de pessoas e animais.

Os relatos da época são impressionantes. Em Recife, por exemplo, o padre Manuel Aires de Casal escreveu em seu diário: “Entrou o mar pela barra dentro com tanta fúria e ímpeto que parecia querer tragar toda esta cidade; subiu tanto que cobriu os arrecifes todos; invadiu as ruas […] levou muitas canoas e barcos para o sertão; arruinou muitas casas; afogou muita gente”.

As evidências do tsunami também foram encontradas em estudos geológicos e arqueológicos. Em Salvador, por exemplo, foram identificados depósitos marinhos em locais distantes da linha da costa atual. Em São Luís, por exemplo, foram descobertos restos de uma fortaleza colonial que foi destruída pelo tsunami.

O tsunami de 1755 foi, portanto, revelou a vulnerabilidade da costa brasileira a um fenômeno raro e pouco conhecido. Ele também mostrou a importância de se estudar e preservar a memória histórica e cultural dos eventos que moldaram o nosso país.

O Brasil está preparado para um Tsunami?

Depois de conhecer o que aconteceu em 1755, surge a pergunta: o Brasil está preparado para enfrentar um novo tsunami? A resposta não é simples, pois depende de vários fatores geológicos e geográficos que influenciam na formação e na propagação das ondas. Vamos analisar as chances de um tsunami acontecer no Brasil no futuro, considerando as hipóteses mais prováveis e as mais improváveis.

Terremoto no Oceano Atlântico 

A hipótese mais provável é que um novo tsunami seja causado por um terremoto no Oceano Atlântico, assim como o de 1755. No entanto, essa hipótese não é muito provável, pois o Atlântico é um oceano relativamente estável, com pouca atividade sísmica. A maioria dos terremotos ocorre nas bordas das placas tectônicas, onde elas se chocam ou se afastam. O Atlântico é um oceano em expansão, onde as placas se afastam, gerando poucos terremotos e vulcões. Os terremotos que ocorrem no Atlântico são geralmente fracos ou moderados, e raramente geram tsunamis.

O terremoto de Lisboa foi uma exceção, pois ocorreu em uma zona de falha complexa, chamada de Zona de Fratura Açores-Gibraltar. Essa zona é uma área de transição entre a placa africana e a placa euroasiática, onde há uma mistura de movimentos convergentes e divergentes. Essa zona é considerada uma das mais ativas do Atlântico, mas ainda assim tem uma frequência baixa de terremotos fortes. O terremoto de Lisboa foi estimado em cerca de 8.5 na escala Richter, o que é considerado muito raro.

Portanto, a possibilidade de um novo terremoto como o de Lisboa acontecer no Atlântico é muito baixa, mas não impossível. Segundo alguns pesquisadores, a probabilidade é de cerca de 0.1% por ano. Isso significa que há uma chance em mil de ocorrer um terremoto dessa magnitude a cada ano. Se isso acontecesse, o Brasil poderia ser atingido por um tsunami semelhante ao de 1755, com ondas de até três metros de altura e um tempo de chegada de cerca de quatro horas.

Erupção vulcânica nas Ilhas Canárias

A hipótese mais improvável é que um novo tsunami seja causado por uma erupção vulcânica nas Ilhas Canárias, um arquipélago espanhol localizado na costa da África. Essa hipótese se baseia na teoria de que existe uma possibilidade remota de que o vulcão Cumbre Vieja, localizado na ilha de La Palma, entre em colapso parcialmente durante uma erupção, gerando um enorme deslizamento de terra que cairia no mar. Esse deslizamento poderia provocar um mega-tsunami, com ondas gigantescas que se espalhariam pelo Atlântico.

Essa teoria foi proposta por dois pesquisadores britânicos em 2001, baseada em modelos matemáticos e simulações computacionais. Eles estimaram que o deslizamento poderia gerar ondas de até 100 metros de altura perto da ilha, e que essas ondas chegariam ao Brasil com cerca de 15 metros de altura e um tempo de chegada de cerca de nove horas. Eles também previram que o deslizamento poderia acontecer a qualquer momento nos próximos milhares de anos.

No entanto, essa teoria não é uma unanimidade entre os pesquisadores e suscita intensas discussões. Muitos especialistas contestam a validade dos modelos e das simulações usados pelos autores da teoria, bem como a plausibilidade do cenário proposto. Eles argumentam que o vulcão Cumbre Vieja não tem condições de entrar em colapso tão facilmente, que o deslizamento seria muito menor e mais lento do que o previsto, e que as ondas perderiam muito da sua energia e altura ao se propagarem pelo oceano. Eles também afirmam que não há evidências históricas ou geológicas de que um evento desse tipo tenha ocorrido no passado.

Portanto, a possibilidade de um novo tsunami causado por uma erupção vulcânica nas Ilhas Canárias é muito improvável, mas não impossível. Segundo alguns pesquisadores, a probabilidade é de cerca de 0.0001% por ano. Isso significa que há uma chance em um milhão de ocorrer um tsunami dessa magnitude a cada ano. Se isso acontecesse, o Brasil poderia ser atingido por um mega-tsunami, com ondas de até 15 metros de altura e um tempo de chegada de cerca de nove horas.

Podemos concluir que o risco de tsunami na costa brasileira é muito baixo, mas não nulo. Existem alguns cenários possíveis, mas pouco prováveis, que poderiam gerar um tsunami no Atlântico e atingir o Brasil. No entanto, esses cenários são baseados em hipóteses e estimativas que envolvem muitas incertezas e controvérsias. Por isso, é importante acompanhar os estudos e as pesquisas sobre o tema, bem como desenvolver sistemas de monitoramento e alerta para prevenir e mitigar os possíveis impactos de um tsunami no Brasil.

E se um Tsunami atingisse o Brasil? 

Depois de conhecer as possibilidades de um tsunami acontecer no Brasil no futuro, surge a pergunta: e se um tsunami atingisse o Brasil? Como seria o impacto de um fenômeno dessa magnitude no presente, levando em conta as mudanças demográficas, urbanas e ambientais ocorridas desde 1755? Para tentar responder a essa pergunta, vamos fazer uma simulação baseada em dados e modelos científicos.

A simulação que vamos usar é a do Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP), que desenvolveu um software chamado Tsunami-SP, que permite calcular a propagação e o impacto de tsunamis no litoral brasileiro. O software usa dados de batimetria, topografia, densidade populacional, infraestrutura e vulnerabilidade para estimar os locais mais atingidos, os danos materiais e humanos, as medidas de prevenção e mitigação, e as consequências sociais e econômicas de um tsunami.

Para a simulação, foi considerado o cenário mais provável de um tsunami causado por um terremoto no Atlântico, semelhante ao de 1755. Supondo que o terremoto ocorra em 2023, com uma magnitude de 8.5 na escala Richter, na mesma zona de falha de Açores-Gibraltar. Supondo também que o terremoto gere um tsunami com ondas de até três metros de altura, que cheguem ao Brasil cerca de quatro horas depois do abalo sísmico.

O resultado da simulação é alarmante. O software mostra que o tsunami afetaria toda a costa brasileira, desde o Rio Grande do Sul até o Amapá. No entanto, os locais mais atingidos seriam os mesmos de 1755: Recife, Olinda, Salvador, São Luís e Fortaleza. Essas cidades sofreriam uma inundação severa, com uma profundidade média de dois metros e uma extensão média de cinco quilômetros. O software também mostra que haveria uma grande perda de vidas e bens nessas cidades. Estima-se que cerca de 10 mil pessoas morreriam e cerca de 100 mil ficariam desabrigadase que cerca de 10 bilhões de reais em danos materiais seriam causados pelo tsunami.

A simulação também mostra que algumas medidas poderiam ser tomadas para prevenir e mitigar os impactos do tsunami no Brasil. Por exemplo, a implantação de um sistema de monitoramento e alerta para detectar precocemente a formação e a chegada das ondas. A elaboração de planos de evacuação e contingência para orientar a população sobre como agir em caso de emergência. A construção de barreiras físicas ou naturais para proteger as áreas mais vulneráveis da costa.  

A simulação é apenas uma aproximação do que poderia acontecer se um tsunami atingisse o Brasil,  Ela não é uma previsão ou uma certeza, mas uma ferramenta para estimular a reflexão e a ação sobre esse tema. Ela mostra que o Brasil não está imune a um fenômeno raro e pouco conhecido, mas que pode ter consequências catastróficas para o nosso país. Ela também mostra que o Brasil pode se preparar e se proteger de um possível tsunami, se investir em ciência, tecnologia, planejamento e educação.

Perguntas frequentes sobre o Tsunami no Brasil


Para responder a outras duvidas que não foram esclarecidas explicitamente nest artigo, recorremos ao  google para identificar as perguntas que não foram abordadas pelo seu artigo e que podem ser interessantes esclarecer: Então vamos lá:  

  • Qual foi o maior tsunami que já atingiu o Brasil?

O maior tsunami que já atingiu o Brasil foi o de 1755, causado pelo terremoto de Lisboa, que afetou a costa do Nordeste brasileiro. As ondas tinham entre dois e três metros de altura e percorreram mais de 3 mil quilômetros pelo Oceano Atlântico. 

As cidades mais afetadas foram Recife, Olinda, Salvador, São Luís e Fortaleza. Alguns dos efeitos do tsunami foram a inundação de ruas e casas, a destruição de embarcações e portos, a erosão das praias e a morte de pessoas e animais. Estima-se que cerca de 1.200 pessoas morreram no Brasil por causa do tsunami.

  • O que fazer em caso de alerta de tsunami no Brasil?

Em caso de alerta de tsunami no Brasil, é importante seguir as orientações das autoridades competentes, como a Defesa Civil, os bombeiros e a Marinha. Algumas medidas básicas são:

  • Evitar ir à praia ou permanecer em áreas próximas ao mar.
  • Buscar um local seguro e elevado, longe da zona de inundação do tsunami.
  • Não voltar à área atingida pelo tsunami até que haja um aviso oficial de segurança.
  • Manter-se informado sobre a situação por meio de rádio, televisão ou internet.
  • Ajudar as pessoas que precisam de socorro ou evacuação.

 

  • Como saber se há risco de tsunami no Brasil?

O Brasil não possui um sistema próprio de monitoramento e alerta de tsunamis, mas conta com a cooperação internacional para receber informações sobre possíveis eventos no Oceano Atlântico. 

O Brasil conta com a cooperação internacional para receber informações sobre possíveis ondas gigantes no mar. O órgão do governo que fica responsável por essas informações é o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), que monitora o que acontece no Oceano Atlântico, onde fica o nosso litoral. 

O Cemaden recebe os dados de dois centros que ficam nos Estados Unidos, um no Havaí e outro em Washington. Esses centros fazem parte de organizações internacionais que estudam os oceanos e o clima. O Cemaden também tem o apoio de outros órgãos do Brasil que conhecem sobre a geologia, o espaço e o mar. 

Se o Cemaden detectar que há algum risco de tsunami para o Brasil, ele comunica os órgãos que cuidam da segurança das pessoas nos estados e nas cidades para eles tomarem as medidas necessárias.

  • Quais são as áreas mais vulneráveis a um tsunami no Brasil?

As áreas mais vulneráveis a um tsunami no Brasil são aquelas que possuem as seguintes características:

    • Baixa altitude em relação ao nível do mar.
    • Grande extensão de costa exposta ao oceano.
    • Presença de baías, estuários, rios ou lagoas que possam amplificar as ondas.
    • Alta densidade populacional e urbanização.
    • Baixa capacidade de resiliência e recuperação.

De acordo com um estudo da Universidade Federal Fluminense (UFF), as áreas mais vulneráveis a um tsunami no Brasil são: Recife (PE), Salvador (BA), Rio Grande (RS), Santos (SP) e Florianópolis (SC). Essas áreas apresentam um alto índice de vulnerabilidade física, social e econômica a um possível evento extremo no mar.

 

Tsunami no Brasil: uma ameaça real ou uma fantasia distante?

Neste artigo, nós exploramos a questão dos tsunamis no Brasil, um tema que desperta curiosidade e preocupação. Nós vimos que o Brasil já foi atingido por um tsunami em 1755, causado por um terremoto em Portugal, que afetou a costa do Nordeste e causou danos e mortes em várias cidades. 

Também vimos  que o Brasil poderia ser atingido por um novo tsunami no futuro, caso ocorra um forte terremoto ou uma erupção vulcânica no Atlântico, mas que essas possibilidades são muito baixas e incertas. Nós vimos ainda que o Brasil poderia sofrer um grande impacto se um tsunami atingisse o país, considerando as mudanças demográficas, urbanas e ambientais ocorridas desde 1755. Nós vimos, por fim, que o Brasil poderia se preparar e se proteger de um possível tsunami, se investir em ciência, tecnologia, planejamento e educação.

Mas afinal, o tsunami no Brasil é uma ameaça real ou uma fantasia distante? A resposta depende da perspectiva que se adota. Por um lado, podemos dizer que o tsunami no Brasil é uma ameaça real, pois existe uma chance, ainda que mínima, de que ele aconteça a qualquer momento. Por outro lado, podemos dizer que o tsunami no Brasil é uma fantasia distante, pois a probabilidade de que ele aconteça é muito baixa e há muitas incertezas e controvérsias sobre o assunto.

O que podemos dizer com certeza é que o tsunami no Brasil é um tema importante e relevante para o nosso país. Ele nos faz refletir sobre a nossa relação com o meio ambiente, sobre a nossa vulnerabilidade aos desastres naturais, sobre a nossa capacidade de prevenção e mitigação, sobre a nossa memória histórica e cultural, sobre a nossa responsabilidade social e econômica. Ele nos faz questionar o nosso presente e projetar o nosso futuro. 

O Brasil pode não estar na rota dos grandes tsunamis, mas isso não significa que ele esteja livre de um desastre natural que pode mudar a sua história. O tsunami de 1755 nos mostrou que o improvável pode acontecer a qualquer momento. E se acontecer de novo, estamos preparados para enfrentar as consequências? Ou vamos esperar o mar invadir as nossas cidades para tomar uma atitude?

Esperamos que este artigo tenha contribuído para informar e conscientizar os leitores sobre os riscos e os desafios de um possível tsunami no Brasil. Nós também esperamos que este artigo tenha estimulado a curiosidade e o interesse dos leitores pelo tema. Nós convidamos os leitores a buscar mais informações e conhecimento sobre os tsunamis no Brasil, consultando fontes confiáveis

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By IDFM 

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