USP: 48% dos Casos de Demência Podem Ser Prevenidos

A demência é uma condição neurodegenerativa que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, com a doença de Alzheimer sendo a forma mais comum.

Demência Pesquisa da USP Revela que 48% dos Casos Podem Ser Evitados
48% dos Casos de Demência Podem Ser Prevenidos

Recentemente, uma pesquisa inovadora conduzida pela Universidade de São Paulo (USP) trouxe à luz dados alarmantes, mas também esperançadores, sobre a prevenção da demência.

Este artigo revela os principais achados dessa pesquisa, o aumento dos casos de demência em São Paulo, e a relação entre dopamina e Alzheimer:

Pesquisa da USP

Um estudo realizado pela Faculdade de Medicina da USP, publicado em outubro de 2024 na revista The Lancet Global Health, revelou que 48% dos casos no Brasil podem ser atribuídos a fatores de risco modificáveis. 

Esses fatores incluem:

  1. obesidade,
  2. inatividade física,
  3. depressão,
  4. hipertensão,
  5. tabagismo,
  6. isolamento social,
  7. diabetes,
  8. consumo excessivo de álcool,
  9. poluição do ar,
  10. perda auditiva,
  11. baixa escolaridade e
  12. lesões cerebrais traumáticas.

A pesquisa, liderada pela Dra. Claudia Kimie Suemoto, analisou dados coletados entre 2015 e 2021 de diversos países da América Latina, incluindo o Brasil. A Dra. Suemoto enfatiza que mudanças no estilo de vida e acesso a tratamentos médicos podem ter um impacto significativo na prevenção da doença.

Aumento dos Casos em São Paulo

São Paulo, a maior cidade do Brasil, tem registrado um aumento preocupante. De acordo com o Relatório Nacional sobre a Demência, divulgado pelo Ministério da Saúde em setembro de 2024, cerca de 8,5% da população idosa da cidade convive com a doença. Isso representa aproximadamente 2,71 milhões de casos em todo o Brasil, com projeções indicando que esse número pode chegar a 5,6 milhões até 2050.

A urbanização rápida, o estresse e os hábitos de vida sedentários são alguns dos fatores que contribuem para esse aumento. Além disso, a prevalência de demência é maior entre as mulheres (9,1%) em comparação aos homens (7,7%). As variações regionais também são significativas, com a prevalência oscilando de 7,3% no Sul a 10,4% no Nordeste.

Dopamina e Alzheimer

A dopamina é um neurotransmissor crucial para várias funções cerebrais, incluindo a regulação do humor, motivação e movimento. Estudos recentes têm investigado a relação entre dopamina e Alzheimer, sugerindo que a disfunção dopaminérgica pode estar associada ao desenvolvimento e progressão da doença.

Pesquisas indicam que a redução dos níveis de dopamina no cérebro pode contribuir para os sintomas cognitivos e comportamentais observados em pacientes com Alzheimer. Além disso, a dopamina desempenha um papel na neuroplasticidade, que é a capacidade do cérebro de se adaptar e reorganizar. A perda dessa capacidade pode acelerar o declínio cognitivo em indivíduos com Alzheimer.

Estratégias de Prevenção

Com base nos achados da pesquisa da USP, aqui estão algumas estratégias de prevenção que podem ajudar a reduzir o risco:

  1. Manter um Estilo de Vida Ativo: A prática regular de exercícios físicos pode melhorar a saúde cardiovascular e cerebral.
  2. Adotar uma Dieta Saudável: Dietas ricas em frutas, vegetais, grãos integrais e gorduras saudáveis podem proteger contra a demência.
  3. Controle de Doenças Crônicas: Gerenciar condições como hipertensão, diabetes e obesidade é crucial para a prevenção.
  4. Estimulação Cognitiva: Atividades que desafiam o cérebro, como leitura, jogos de tabuleiro e aprendizado de novas habilidades, podem ajudar a manter a função cognitiva.
  5. Interação Social: Manter conexões sociais fortes pode reduzir o risco de isolamento e depressão, fatores de risco para a demência.

Mitos e Verdades sobre a Demência

Com tantos dados e informações sobre a demência, é natural que alguns mitos também surjam. Vamos esclarecer alguns deles:

  • Mito: A demência é uma parte normal do envelhecimento. Embora a idade seja um fator de risco, a demência não é uma consequência inevitável do envelhecimento.
  • Verdade: A demência pode ser prevenida. Como mostrado pela pesquisa da USP, até 48% dos casos podem ser evitados com mudanças no estilo de vida e controle de fatores de risco.
  • Mito: Apenas pessoas idosas desenvolvem demência. Embora seja mais comum em idosos, a demência pode afetar pessoas mais jovens, especialmente aquelas com fatores de risco genéticos ou de estilo de vida.
  • Verdade: A atividade física regular pode reduzir o risco de demência. Exercícios físicos ajudam a manter a saúde cardiovascular e cerebral, reduzindo o risco de doenças neurodegenerativas.

Contraindicações e Cuidados

Embora a prevenção seja fundamental, é importante estar ciente das contraindicações e cuidados necessários:

  • Gravidez: O consumo excessivo de álcool e tabagismo durante a gravidez pode aumentar o risco de demência no bebê.
  • Distúrbios Hemorrágicos: Pessoas com distúrbios hemorrágicos devem evitar o uso de certos medicamentos que podem aumentar o risco de sangramento cerebral.
  • Problemas Gastrointestinais: Alguns medicamentos para demência podem causar efeitos colaterais gastrointestinais, como náuseas e vômitos.
  • Interações Medicamentosas: Medicamentos para demência podem interagir com outros medicamentos, potencializando seus efeitos ou causando reações adversas.

Conclusão

A pesquisa da USP oferece uma visão valiosa sobre como quase metade dos casos de demência pode ser evitada através de mudanças no estilo de vida e intervenções médicas. Com o aumento dos casos de demência em São Paulo e a crescente compreensão da relação entre dopamina e Alzheimer, é essencial que estratégias de prevenção sejam implementadas para melhorar a qualidade de vida dos idosos e reduzir a carga dessa condição devastadora.

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