Da independência ou morte a um país em que a liberdade é relativa

Independência ou morte? A frase ainda ecoa nos livros de história, mas no dia a dia parece ter virado piada de mau gosto. A liberdade que conquistamos no grito ficou presa no sussurro das burocracias, nas algemas invisíveis da censura e no peso dos impostos que nunca tiram férias. Afinal, de que independência estamos falando?

🇧🇷 Quando a Independência ou Morte vem com manual de uso

Independência ou Morte vem com manual de uso

Todo 7 de setembro nos vendem a ideia de que somos um país livre, soberano, como se a independência tivesse vindo com garantia estendida e manual de instruções. Mas, ao folhear esse manual imaginário, a primeira página já avisa: “liberdade sujeita a taxas, impostos e interpretações judiciais”. O grito de 1822 ecoa até hoje, mas parece ter virado música de espera em call center.

No fundo, a independência brasileira sempre foi mais uma metáfora do que uma conquista prática. Saímos das mãos do império português para cair no colo das pressões externas, dos juros internacionais e de um Estado que sabe cobrar, mas esquece de devolver. É nesse cenário que nasce a ironia: somos independentes, desde que obedeçamos às regras do manual invisível.

💰 Liberdade com boleto incluso

O grito foi dado em 1822. Mas, dois séculos depois, ainda ecoa a pergunta: que independência é essa?

Entre impostos, censura e pressões externas, seguimos carregando correntes invisíveis que não se quebram com um grito de liberdade.

Dizem que o Brasil conquistou a independência em 1822. Mas olhando ao redor, a sensação é de que só trocamos de coleira. Antes era o Império português, agora são outros donos: Washington manda um recado, Wall Street cobra os juros, e a gente paga a conta com impostos que mais parecem multa por existir.

Liberdade de expressão? Só se for para aplaudir. Se discordar, é censura, “fake news”, bloqueio de conta, bloqueio de voz. A caça às bruxas agora é digital: cada palavra pode virar prova, cada opinião um processo. A fila para ser silenciado anda mais rápida que a fila do SUS.

E não adianta bater no peito e gritar “independência ou morte”. Hoje o grito seria “independência e boletos”. Impostos por dentro, taxas por fora, dependência de chips chineses, petróleo russo, soja americana e até vacina importada. Um país que parece sempre devedor, mesmo quando paga.

No meio disso tudo, lembramos da Lava Jato. Ah, aquela faxina prometida que virou entulho. Do sonho de um Brasil limpo, acordamos com um pesadelo de vazamentos: Vaza Jato, Vaza Toga… só falta o próximo capítulo: a Lava Toga, talvez. Porque aqui sempre sobra sabão para lavar os outros, nunca para limpar a própria calça borrada.

E a liberdade? Essa ficou na teoria. Direitos fundamentais viraram cláusula decorativa. O devido processo legal é aquele que depende de quem está julgando, e o ir e vir virou “ficar quieto e pagar caro”.

Então, me diga: que independência é essa? Porque se for para escolher entre a coleira e o grilhão, talvez o grito tenha mudado sem a gente perceber.

“O Brasil é o único país onde até a independência depende de autorização.”


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